O cineasta holandês Paul Verhoeven ficou conhecido por
filmes como Robocop, O Vingador do Futuro e A Espiã. Ele também é escritor e
agora pretende adaptar para o cinema seu próprio livro sobre Jesus.
“Jesus of Nazareth” é
o nome do livro inédito no Brasil e do filme homônimo que começará a ser rodado
em breve. Diferentemente da maioria das produções sobre o tema, o Cristo de
Verhoeven não é o “filho de Deus” nem foi concebido de forma sobrenatural.
O
novo longa mostrará Jesus enquanto homem, e que foca mais seu papel como líder
político do que religioso, eliminando da narrativa qualquer milagre ou ligação
divina. A mãe de Jesus teria sido estuprada por um soldado romano, o que,
segundo Verhoeven, era comum durante o período de dominação romana da
Palestina.
Segundo
Verhoeven, ele pesquisou a história de Jesus durante décadas antes de pensar no
livro e no filme. Sua intenção é contar a vida do nazareno de “ponto de vista
científico, histórico e político”. Isso exclui, obviamente, a ressurreição,
questão central da fé cristã.
Na
visão do cineasta, que afirma não crer nos milagres relatados na Bíblia, “Jesus
era um profeta radical e chegou a realizar exorcismos porque estava convencido
de que iria morrer e se encontrar no Reino dos Céus, até Pôncio Pilatos
crucificá-lo”.
“Se
você olhar o homem, fica claro que você tem ali uma pessoa completamente
inovadora no campo da ética. Minha paixão pessoal por Jesus surgiu quando eu
comecei a perceber isso. Um novo conjunto de ética, uma abertura ao mundo, que
era um anátema em um mundo dominado pelos romanos. A questão não são os
milagres, mas a nova ordem ética, uma visão aberta em relação ao mundo, o que
se opunha à dominação dos romanos.
Eu
acredito que ele foi crucificado porque sentiram que, politicamente, ele era
uma pessoa perigosa e que estava em crescimento. Os ideais de Jesus dizem
respeito a uma utopia do comportamento humano, falam sobre como devemos tratar
uns aos outros e como devemos nos colocar na pele de nossos inimigos”,
acrescenta.
Segundo
Verhoeven, ele está há anos procurando financiamento sem, sucesso, já que
muitas pessoas e marcas não querem seus nomes ligados ao que a opinião pública
pode atribuir como atitude herege. Agora, a Muse Productions de Chris Hanley
(produtor de Psicopata Americano) decidiu bancar o longa que promete gerar
muitas polêmicas.
Alguns
líderes cristãos, como Bill Donohue, presidente da Liga Católica, já criticou o
livro de Verhoeven, dizendo “Mais uma vez vemos uma especulação maldosa,
baseada em absolutamente nada. Ele não tem nenhuma evidência empírica para
sustentar sua alegação”.
O
último filme sobre Jesus Cristo que atraiu polêmica foi “A Paixão de Cristo”,
lançado em 2004 e produzido por Mel Gibson. Ele decidiu seguir os relatos
bíblicos muito de perto, incluindo as línguas originais. Ainda é o filme
religioso de maior sucesso de todos os tempos, arrecadando cerca de 612 milhões
de dólares em bilheteria em todo o mundo. Mesmo assim, o longa foi acusado de
ser anti-semita pela maneira como retratou o povo judeu.
Roger Avary, de Pulp Fiction e “A lenda de Beowulf” foi contratado para
escrever o roteiro de “Jesus de Nazareth”. Ele é conhecido por seus trabalhos
provocativos, como Regras da Atração. Avary estava há bastante tempo sem
escrever um roteiro, pois estava cumprindo pena na prisão por homicídio
involuntário e posse de drogas.
Ainda
não há cronograma de produção, nem o nome dos atores ou data de lançamento. O
mais provável é que seja lançado no final de 2014. É curioso que a notícia
surge num momento em que há uma grande quantidade de filmes bíblicos sendo
desenvolvidos, como Noah, de Darren Aronofsky, e Gods and Kings, história de
Moisés que Steven Spielberg planeja fazer.
Fonte: Portal Fiel
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