No início da última semana o cobrador
Adaílson Alves, 43 anos, foi vítima de um assalto no ônibus em que estava
trabalhando. O ato de violência aconteceu por volta das 21h30, na Avenida Nossa
Senhora da Concórdia, no bairro do Tremembé, zona norte de São Paulo.
Durante o assalto o motorista e o
cobrador foram baleados. O motorista Marcelo Barbosa da Silva, 31 anos, morreu
no hospital, e Alves sobreviveu, apenas com ferimentos na coxa, onde foi
baleado. Emocionado, o cobrador disse em uma entrevista ao R7 que só conseguiu
escapar com vida porque Deus colocou a mão em sua vida e o salvou. “Eu nasci de
novo”, afirmou/
Alves contou que ninguém reagiu ao
assalto, e contou como foi o momento em que foi baleado`no peito. “Quando eles
desceram, eu pulei para socorrer o motorista, que já estava desmaiando. Foi na
hora em que um deles atirou nas minhas costas e pegou na lateral do ônibus de
fora para dentro, atingindo a minha coxa. Eu estava de pé para desligar o
ônibus, que continuava andando. Atirou, tipo assim, brincando com a arma”,
relatou.
O cobrador contou também que escapou
de um ferimento mortal porque se levantou para ajudar o colega, que já estava
baleado. “Foi Deus que pôs a mão quando levantei para ajudar o colega e a bala
só pegou na minha coxa”, explicou Alves.
Leia na íntegra a entrevista do
cobrador:
R7- Como foi a abordagem dos
assaltantes. Havia passageiros na hora do roubo?
Adaílson Alves – Havia cinco ou seis
passageiros dentro do ônibus.
R7 – Eram quantos assaltantes?
AA – Eram dois indivíduos, um deles
armado. O outro não apareceu com arma. Não dá para notar as características
deles, porque eles não deixaram a gente olhar. Foi muito rápido. Foi com uma
rapidez fora de série e com uma agressão super elevada.
R7 – Quando os criminosos entraram no
ônibus, eles já chegaram anunciando o assalto?
AA – Um entrou e foi direto na gaveta
do meu caixa, já gritando de forma agressiva que era assalto e para que eu
passasse tudo. O outro já estava com a arma virada para o condutor, já
efetuando uns dois disparos imediatos para intimidar o motorista. Ele
(motorista) estava com as duas mãos na cabeça e o ônibus andando. O outro
fazendo a limpeza do caixa, gritando, me apavorando, de forma totalmente
agressiva.
R7 – Vocês tentaram reagir?
AA – Em momento algum, alguém reagiu.
Eu fiquei até sem ação nenhuma. O motorista ficou com as duas mãos na cabeça.
Foi tudo muito rápido. Quando eles desceram, eu pulei para socorrer o
motorista, que já estava desmaiando. Foi na hora em que um deles atirou nas
minhas costas e pegou na lateral do ônibus de fora para dentro, atingindo a
minha coxa. Eu estava de pé para desligar o ônibus, que continuava andando.
Atirou, tipo assim, brincando com a arma.
R7 – Quanto tempo durou o assalto?
AA – No máximo, cinco, seis minutos.
R7 – E os passageiros? Como reagiram
na hora?
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AA – Ficaram todos praticamente sem reação. Dois que estavam do lado que um deles passou atirando se jogaram no corredor do carro.Foi a hora em que eu corri para socorrer o motorista. O carro continuava andando. Eu desliguei o carro e tentei acalmá-lo. Eu conversava com ele, que me pedia socorro. Abri a blusa dele, fiz massagem no tórax dele e liguei para o 190, porque foi o telefone que veio na minha mente na hora. Ele morreu ali. A única coisa que ouvi dele foi o pedido de socorro. E ele ouviu que eu também havia sido baleado.
AA – Ficaram todos praticamente sem reação. Dois que estavam do lado que um deles passou atirando se jogaram no corredor do carro.Foi a hora em que eu corri para socorrer o motorista. O carro continuava andando. Eu desliguei o carro e tentei acalmá-lo. Eu conversava com ele, que me pedia socorro. Abri a blusa dele, fiz massagem no tórax dele e liguei para o 190, porque foi o telefone que veio na minha mente na hora. Ele morreu ali. A única coisa que ouvi dele foi o pedido de socorro. E ele ouviu que eu também havia sido baleado.
R7 – Você se lembra da última coisa
que o Marcelo falou para você?
AA – Ele falou: “Cigano, chama o Samu
para mim, me socorre, por favor, porque estou baleado. Eu pulei e tomei o tiro.
Eu falei: “Também estou baleado, irmão”. Comecei a conversar com ele, mas ele
já estava agonizando. Em questão de poucos minutos…
R7 – O que passou pela sua cabeça na hora?
R7 – O que passou pela sua cabeça na hora?
AA – Passaram 1 milhão de coisas.
Tamanha covardia. Por que tirar a vida de um cidadão, sem reação nenhuma, um
pai de família, que está trabalhando? Ele estava fazendo a última viagem.
R7 – É verdade que os motoristas das
linhas que atuam na região trabalham com insegurança?
AA – Está difícil. Sem querer
condenar ou criticar, a gente não tem segurança nenhuma. É difícil demais. A
gente está atendendo a sociedade e se sente um alvo, sem segurança. Tem colega
desistindo de trabalhar.
R7 – E você? Pensa em voltar?
AA – Eu não consigo…[chora]. Eu não
me vejo trabalhando…Eu não sei. Só Deus vai me dizer o que eu posso estar
fazendo [sic]. É difícil. Eu nasci de novo. Foi Deus que pôs a mão quando
levantei para ajudar o colega e a bala só pegou na minha coxa.
Fonte: Gospel+
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