Um exame detalhado da história mostra
que, ao contrário do que muitos pensam, os interesses dos EUA não se pautam
pela agenda de Israel, afirmou o cientista político Samuel Feldberg, em
palestra realizada nesta segunda-feira, 30 de setembro, no Centro da Cultura
Judaica, em São Paulo. Falando no ciclo “Israel e o Mundo” sobre o tema “Israel
e EUA”, ele abordou convergências e divergências entre os dois países, desde a
fundação de Israel, em 1948.
Feldberg, professor de Relações
Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, mostrou que os EUA
apoiaram a criação de Israel, mas o presidente Truman teve forte oposição do
Departamento de Estado e do Pentágono. Na Guerra do Sinai, em 1956, os
americanos forçaram Israel a recuar. Nas primeiras décadas de existência do
Estado judeu, os EUA tinham pouco envolvimento no Oriente Médio. Na Guerra dos
Seis Dias, em 1967, Israel lutou com armamento francês. Foi após este conflito,
e dentro do contexto da Guerra do Vietnã e da Doutrina Nixon – pela qual os EUA
passaram a apoiar aliados em várias regiões do mundo, mas sem o envio de tropas
– que o relacionamento com Israel se aprofundou.
Em 1973, na Guerra do Iom Kipur, os
americanos apoiaram Israel para contrabalançar o apoio da ex-URSS aos árabes.
Ao final da guerra, Kissinger – secretário de Estado judeu – pressionou Israel
para que não aniquilasse o 3º Exército egípcio, que estava cercado, e
permitisse ao presidente Sadat uma saída honrosa. Foram as primeiras
conversações entre israelenses e egípcios desde 1949 e desembocaram no Tratado
de Paz de 1979. Na Guerra do Golfo, em 1991, o Iraque lançou mísseis contra
Israel, mas novamente os EUA pressionaram e impediram que Israel reagisse a um
ataque a seu território – o que ocorreu pela primeira vez na história.
Após o 11 de setembro, a luta contra
o terrorismo e a existência de inimigos comuns como os regimes iraniano e
sírio, aproximaram mais os dois países. Ainda assim, há divergências: nesta
semana, Israel alerta os EUA contra uma aproximação diplomática com o Irã e pressiona
para que não sejam suspensas as sanções econômicas ao país. Para Feldberg, o
suposto poder de um lobby judaico nos EUA é reflexo da percepção da população
americana com relação a Israel:pesquisas de opinião pública apontam que 80% dos
americanos apoiam Israel. O que causa isso? Identidade cultural e ideológica
comum, valores democráticos e herança judaico-cristã, segundo o professor.
Em 14 de outubro, às 20 horas, o
ciclo prossegue com a palestra “Israel e África”, com Omar Ribeiro Thomaz,
especialista em História Social da África e professor da Unicamp. Sinopse:
Serão discutidas desde as relações bilaterais entre Israel e diversos países da
África até a recente onda de imigração a Israel de milhares de pessoas
provenientes do Sudão e da Eritréia, considerada ilegal pelo governo
israelense.
A curadoria do evento é do cientista
social Daniel Douek. O preço para cada palestra é de R$ 65,00. Idade mínima: 18
anos. As datas são 14, 21 e 28 de outubro, segundas-feiras. Horário: das 20h às
22h. Informações, no Centro da CulturaJudaica: secretaria@culturajudaica.org.br
ou secretaria1@culturajudaica.org.br. Telefone: (11) 3065-4349/4337.
Fonte:
Pletz
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