Este mês duas declarações fortes de
líderes influentes foram amplamente divulgadas pela imprensa evangélica. De um
lado, o teólogo e pastor batista Russell Moore, da Convenção Batista do Sul,
uma das maiores denominações do mundo, com cerca de 16,5 milhões de membros. Do
outro, o escritor e pastor Mark Driscoll, fundador da igreja Mars Hill e da
Atos 29, ministério de missões e Resurgence, de treinamento para líderes.
Eles representem movimentos
evangélicos diferentes, Moore é um batista tradicional e Driscoll um dos mais
conhecidos da “nova geração” que surgiu este século. Contudo, a conclusão de
ambos é assustadora.
Russell Moore tornou-se duas semanas
atrás o presidente da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa dos batistas,
espécie de braço de política pública da Convenção Batista do Sul. Em seu
discurso de posse, desafiou os cristãos a “recuperarem a voz profética da
Igreja, começando com uma transformação interna para não perderem de vista sua
missão principal”.
Afirmou que existe um “colapso dos
valores bíblicos” em andamento e a responsabilidade é dos líderes evangélicos
que pararam de pregar o Evangelho e lutar pelos valores tradicionais. Para
Moore, os crentes na Bíblia são cada vez mais obrigados a aceitar as imposições
dos líderes da nação. O que alivia a pressão sobre eles, mas os faz esquecer
que foram “chamados para ser fiéis testemunhas” e que “pertencem a outro
reino”.
Em seu discurso, ressaltou que a
chamada “guerra cultural” está sendo perdida pelas igrejas que cada vez mais
aceitam os valores do mundo, absorvendo o discurso materialista e ignorando que
deveriam ser “uma minoria profética”. Ele foi enfático: “Agora temos a
oportunidade de nos livrarmos do velho nominalismo obsoleto… a oportunidade de
fugir das teologias de esquerda [da libertação] e de direita [da prosperidade]…
e voltarmos a nos preocupar em ser a igreja de Jesus Cristo”.
Cobrou ainda que “o cristianismo
nominal, meramente cultural, que juntou Jesus ao discurso capitalista de ‘Você
pode ter tudo o que sempre quis e o céu também’ deveria estar prestes a ter
fim”. Por fim, lamentou que a Igreja de hoje aceita com permissividades ideia
que a um século seriam impensáveis, como sexo antes do casamento, divórcio,
prostituição e coabitação. E teme que aborto e homossexualidade em breve sejam
também incorporados e aceitos. Fez um apelo que a igreja siga mais de perto a
palavra do Senhor Jesus, estando dispostos a dar, se necessário, a vida pela
“missão que está ancorada na cruz”.
Dias depois, na conferência de
liderança Resurgence 2013, Mark Driscoll afirmou enfaticamente: “A igreja está
morrendo”. Em um longo texto postado no site do evento que ocorrerá em
novembro, alertou que os cristãos precisam mostrar forte determinação diante
dos “dias mais escuros que virão logo em seguida”.
“Cristãos estão sendo rechaçados, o
casamento gay está legalizado, o trem da história parou de nos conduzir e
começou a nos atropelar. A igreja está morrendo e ninguém está percebendo, pois
passamos mais tempo criticando do que evangelizando”, dispara.
Clamou para que o povo cristão não
fique de braços cruzados nem abandone seus ideais. “Nossa vontade deve ser cada
vez mais forte e nossas convicções, cada vez mais claras… Vocês não acham que
viemos aqui para ficar ouvindo música cristã até Jesus voltar, não é?”, indaga
ele no documento oficial do evento, amplamente divulgado via internet.
No que poderia ser considerada uma
“carta aberta aos cristãos”, fez um pedido: “Sigam firmes ao transmitir a ideia
de quem é Jesus. Parem de lamber suas feridas. Levantem-se, sacudam a poeira e
comecem a trabalhar”.
Embora os dois pastores tenham se
dirigido aos evangélicos americanos, o teor de suas colocações pode muito bem
servir para reflexão das igrejas cristãs que vivem uma situação bem parecida em
outras partes do mundo, inclusive no Brasil.
Fonte:
Gospel Prime
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