Vamos meditar na Palavra de Deus
no Livro de Juízes 4.4,6-9; 5.1,7.
Juízes 4
4 - E
Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.
6 - E
enviou, e chamou a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e
disse-lhe: Porventura o SENHOR, Deus de Israel, não deu ordem, dizendo: Vai, e
atrai gente ao monte de Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de
Naftali e dos filhos de Zebulom?
7 - E
atrairei a ti para o ribeiro de Quisom a Sísera, capitão do exército de Jabim,
com os seus carros e com a sua multidão, e o darei na tua mão.
8 - Então,
lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei.
9 - E
disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra pelo caminho que
levas; pois à mão de uma mulher o SENHOR venderá a Sísera. E Débora se levantou
e partiu com Baraque para Quedes.
Juízes 5
1 - E
cantou Débora e Baraque, filho de Abinoão, naquele mesmo dia, dizendo:
7 - Cessaram
as aldeias em Israel, cessaram, até que eu, Débora, me levantei, por mãe em
Israel me levantei.
Durante um grande período da história de Israel (aproximadamente 326
anos) Deus levantou Juízes para que governassem o povo, foi um período
complicado para o povo de Deus, pois constantemente eram atacados e subjugados
por nações inimigas, porém, quando o povo se arrependia de seus maus caminhos
Deus lhes provia o escape.
Em Juízes
4 :4 a Bíblia começa a nos contar a história de uma importante mulher de
Deus. Débora foi Juíza sobre Israel durante a época em que Jabim, rei de Canaã
oprimiam os filhos de Israel.
Nesse tempo, mais uma vez o povo clamou a Deus para que os livrasse daquela opressão (Jz 4:3), para isso Ele usou a vida de Débora com muita ousadia.
Nesse tempo, mais uma vez o povo clamou a Deus para que os livrasse daquela opressão (Jz 4:3), para isso Ele usou a vida de Débora com muita ousadia.
Débora destacou-se como grande
líder espiritual numa época em que Israel fora governado por juízes. Sua
carreira, embora breve, teve grande importância para história do seu povo. Das
experiências dessa competente e corajosa mulher, podemos extrair valiosas
lições para os nossos dias.
Com certeza Débora era uma mulher diferente, seu caráter devia ser
extremamente firme em Deus, mulher íntegra e obediente, que cogitava das coisas
do alto (Cl 3:2), pois ela se levantou como ”mãe de Israel” (Jz 5:7).
Com certeza Deus não chamaria alguém que não lhe agrada para governar e
ser Seu porta-voz diante do povo.
Para lutar contra o rei, Débora chamou Baraque para ser comandante do
exército, com certeza um homem corajoso, mas não mais do que Débora, pois
em Juízes 4:8 ele afirma que só iria ao encontro de Sísera
(comandante do exército de Jabim) se ela fosse com ele, nessa parte vemos mais
uma virtude de Débora: A Coragem; coragem não como violência
física, mas coragem com atitude de confiar em Deus e lutar por algo que muitas
vezes poder ser extremamente difícil.
Existem outros aspectos nessa passagem da Bíblia, como o fato de muitas
tribos de Israel não comparecerem ao chamado de Débora para lutar contra o
opressor, essa tribos ficaram preocupadas com seus próprios interesses e
negligenciaram o chamado do Senhor (Jz 5:15-17;23).
Mas o que quero ressaltar nesta matéria, são as qualidades de Débora,
virtudes que tanto homens quanto mulheres devem buscar de Deus, virtudes que
nos levam a lutar contra o pecado, com o coração firme nesse propósito, pois
Canaã, nos dias de hoje, representa para nós o inimigo Mundo, com todos os seus
pecados.
Não devemos seguir o exemplo das tribos que ”ficaram”, preferindo
apenas ver a dominação do inimigo à se dispor a lutar, pois como diz a
Palavra: ”todavia, o meu justo viverá pela fé, e: Se retroceder, nele não
se compraz a minha alma.” Hb 10:38
Temos que nos levantar, assim como Débora, com intrepidez e ousadia,
afim de acharmos Graça diante de Deus e cada vez mais sermos livres das coisas
do mundo. Buscarmos a todo tempo o Espírito Santo, para que tenhamos mãos
limpas e coração puro diante de Deus e para que possamos afirmar, com
toda a certeza: ”Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição;
somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.” Hb 10:39
MULHERES
DE DEUS: A Bíblia está
repleta de exemplos de mulheres que foram usados por Deus. Dentre elas,
destacamos: 1) Miriam, uma profetiza que, juntamente com seus irmãos Moisés e
Arão, liderou o povo de Israel durante a peregrinação pelo deserto; 2) Abigail
(I Sm. 25), que veio a se tornar uma esposa de Davi, a qual agiu sabiamente
contra as palavras insensatas de Nabal, seu esposo; 3) Éster (Et. 4.16) que,
por meio de uma atitude altruísta, foi usada por Deus para preservar o povo de
Israel; 4) Hulda (II Rs. 22.14), uma profetiza que serviu de instrumento nas mãos
de Deus; 5) Maria Madalena (Mt. 28.1-10; Mc. 16.9) que fazia parte do círculo
íntimo de Jesus e foi uma das primeiras pessoas a vê-lo ressuscitado; 6) Marta
e Maria (Lc. 10.38-42) que foram amigas íntimas de Jesus e aprenderam a
valorizar seus ensinos; 7) Priscila (At. 18), a esposa de Áquila, que atuava na
área do ensino, sendo, inclusive, citada antes do nome de seu esposo no livro
de Atos; 8) Febe (Rm. 16.1) era reconhecida por Paulo como cooperadora tanto da
igreja quando do seu próprio ministério; e 9) Junias (Rm. 16.7), apontada, por
Paulo, como digna de destaque entre os apóstolos.
I. CONTEXTO HISTÓRICO DOS
JUÍZES DE ISRAEL
1. Idolatria e paganismo. Débora foi convocada para
julgar seu povo num dos piores momentos da vida nacional. Josué, o grande
líder, não estava mais entre eles e, por isso, não havia unidade espiritual no
país. A idolatria e a apostasia assolavam a nação (Jz 4.1,2). A circunstância
era tão difícil que Débora fez questão de registrá-la em seu cântico (Jz 5.8).
Certamente o que provocou esta situação foram os longos anos de paz e relativa
prosperidade sob a liderança de Eúde (Jz 3.30). A Bíblia afirma que “os filhos
de Israel tornaram a fazer o que parecia mal aos olhos do SENHOR, depois de
falecer Eúde” (Jz 4.1). Por conta disso, “Entregou-os o SENHOR nas mãos de
Jabim, rei de Canaã” (Jz 4.2 – ARA).
Débora fora convocada pelo Senhor no mesmo instante em que o povo de
Israel clamou por Ele (Jz 4.3). Ainda hoje, quando a Igreja clama, arrependida,
confessando seus pecados, o Senhor chama e envia obreiros com a missão de
reconduzi-la ao caminho da santidade (2 Cr 7.14; Jr 33.3; Lc 10.2).
2. Progresso da civilização pagã. No tempo dos juízes,
a Palestina era uma região muito próspera. Havia grandes e pomposas cidades,
resultado do crescimento de uma civilização milenar. Por essa razão, os hebreus
ficaram impressionados com as realizações culturais de seus vizinhos e, aos
poucos, foram absorvendo sua cultura, religião e o modo de vida daquelas
nações.
Infelizmente, nos dias atuais, o secularismo continua crescendo na
igreja. Ele é o responsável pelo desvio de muitos cristãos. Há crentes que
deixam de buscar prioritariamente o Reino de Deus e a sua justiça, para
mergulharem no mundanismo traiçoeiro (Mt 6.33,34; Lc 10.42).
3. Opressão sob os cananeus.
Jabim, rei de Canaã (Jz 4.1-3), dominava as principais rotas
comerciais da região. Isso fazia com que o povo de Israel se sentisse oprimido,
não havendo outra alternativa senão tomar outro rumo (Jz 5.6). Os cananeus eram
bem superiores a Israel, especialmente no que tange às armas de guerra (Jz
4.3). Possuíam novecentos carros de ferro (Jz 4.7,15) e recebiam treinamento
militar especializado. Dominavam a indústria e o comércio bélicos, armavam seus
vizinhos contra Israel, e não permitiam que ninguém vendesse armas aos judeus:
“não se via escudo nem lanças entre quarenta mil em Israel” (Jz 5.8 – ARA).
Foi nessa época que Débora recebera sua divina chamada. Só a
intervenção sobrenatural de Deus poderia fazer de Israel um povo vitorioso. Quando
a guerra é do Senhor a vitória é certa! (1 Sm 7.1-13; 17.40-54). Inicialmente
Deus os entregara nas mãos de Jabim para prová-los (Jz 4.2). Porém, mais tarde,
o Senhor entregou Jabim nas mãos dos filhos de Israel para honrá-los (Jz 4.14).
O Todo-Poderoso precisava de uma pessoa corajosa para interceder pelo povo (Ez
22.30).
Deus continua procurando e convocando seus santos arautos (Is 6.8; Jn
3.1-3; Mc 16.15,16).
II. DÉBORA, PROFETISA E JUÍZA
(Jz 4.4)
1. Débora, “mãe em Israel” (Jz 5.7). Na Bíblia, os nomes
quase sempre relacionam-se ao contexto sócio-histórico em que a pessoa vive, ou
ao ofício que desempenha na comunidade. O nome Débora, no hebraico, significa
“abelha”. O título “mãe de Israel” pode ser uma alusão às funções e à
importância da “abelha-rainha” em seu meio (5.7).
Débora era casada com Lapidote e, provavelmente, descendia da tribo de
Efraim (Jz 4.4,5). Mulher madura, séria, determinada e de conduta moral
elevada. Além do mais, era muito corajosa: em nenhum momento temeu estar à frente
da batalha com Baraque, o grande general dos exércitos de Israel (4.8).
2. Débora e sua biografia bíblica.
Débora fora designada por Deus para ocupar um cargo importante e
exercer funções que eram reservadas à classe masculina da época. As mulheres,
salvo raríssimas exceções, sempre ocuparam posições inferiores as dos homens,
tanto em Israel quanto nas comunidades vizinhas. Todavia, aprouve ao Senhor
contrariar os conceitos humanos, como faria Jesus tantas outras vezes (Jo
4.9,10,28-30).
Débora foi a única juíza de Israel. Sua história revela a mais
retumbante das vitórias cantadas na Bíblia (Jz 5). Deus usa quem quer, como
quer e onde quer. Sua multiforme sabedoria é a característica essencial das
suas operações.
3. Débora, a profetisa (Jz 4.4).
Antes de julgar Israel, Débora já atuava no ministério profético (4.4).
Na Bíblia, há várias mulheres que se dedicaram a esse mister: Miriã (Êx 15.20),
Hulda (2 Rs 22.14), Noadias (Ne 6.14) e Ana (Lc 2.36).
Como profetisa, Débora não se acovardou. Entregou a mensagem divina a
Baraque com segurança e determinação (Jz 4.6,7). O Eterno confiou a essa grande
mulher as estratégias de guerra, o comando e a vitória. Em seu belíssimo
cântico, louva ao Senhor com ênfase e ousadia: “Ao SENHOR, eu, sim, eu cantarei!”
(Jz 5.3).
4. Débora, a juíza (Jz 4.4).
Débora era capaz, e profundamente espiritual. Sabia discernir e julgar
com retidão. Sob orientação divina estabeleceu um fórum público ao ar livre,
facilitando o acesso de qualquer pessoa que desejasse receber seus conselhos
(Jz 4.5; cf. 2 Sm 20.18). De juíza local, estabelecida nas montanhas de Efraim
(Jz 4.5), Deus a elevou à categoria de juíza geral de Israel. Isso faz o
Todo-Poderoso com todos aqueles que se colocam à disposição de sua soberana
vontade. Ajamos assim! Nada de forjar posições de honra! E, depois, dizer que
tudo veio do Senhor.
O Senhor continua buscando homens e mulheres fiéis, que estejam com a
visão correta, no lugar e no tempo de Deus.
5. A vitória de Israel.
Diante do perigo, Débora agiu com urgência e decisão. Ordenou que
Baraque viesse imediatamente à sua presença (Jz 4.6), a fim de comunicar-lhe os
planos de Deus. Assim cantou: “Cessaram as aldeias em Israel, cessaram, até que
eu, Débora, me levantei, por mãe em Israel me levantei” (Jz 5.7). O verbo
“levantar” denota desprendimento, coragem, fé e determinação. Com liderança e
autoridade, essa autêntica heroína israelita ordenou que o exército hebreu
enfrentasse seus inimigos com ousadia e veemência (Jz 4.6-8).
Providencialmente, Débora estava no lugar certo, no momento certo e com a
estratégia certa.
III. DÉBORA, UMA MULHER DE CORAGEM
Débora, cujo nome significa
“abelha”, viveu em cerca de 1.120 a. C., foi uma profetiza (Jz. 4.6; 5.7) de
Israel que, também, veio a se tornar juíza. Era esposa de Lepidote, e julgou
Israel em parceria com Baraque (Jz. 4.4). Isso veio a acontecer quando os
israelitas abandonaram ao Senhor e este os entregou nas mãos de Jabim, rei dos
cananeus. Após a vitória sobre seus inimigos, Débora compôs um cântico, o qual
se encontra em Jz. 5.2-31. Sendo usado pelo Senhor, e através dos seus atos de
coragem, Débora garantiu quarenta anos de paz ao povo de Israel (Jz. 5.31). A
atuação de Débora, como juíza, aconteceu em parceria com Baraque, cujos
resultados são listados na galeria dos heróis da fé de Hb. 11.32. É
interessante, porém, observar que Baraque somente se dispôs a pelejar por
Israel caso Débora estivesse ao seu lado. Isso demonstra o quando sua coragem
era digna de destaque, e, certamente, influenciou, em muito, para que o povo
vencesse os inimigos de Deus. A suas palavras de coragem, em Jz. 4.6,7, foram
fundamentais para motivar Baraque a ir adiante e conquistar a vitória.
A CORAGEM, É UMA VIRTUDE CRISTÃ: A coragem é uma virtude fundamental à
fé cristã, em I Jo. 4.18, está escrito que não fomos chamados para o medo, mas
para o amor. Consoante a essa idéia, a palavra coragem, no Novo Testamento,
remete ao verbo “tolmao”, que contem um elemento de ousadia, de um ato que se
coloca acima do medo (Mc. 12.34; 15.43; At. 7.32; Rm. 5.7; II Co. 11.21; Fp.
1.14). Também, a palavra “tharréo” denota confiança e esperança em Deus (II Co.
5.6,8; Hb. 13.6). Uma outra palavra “parrésia” mostra a coragem dos primeiros
cristãos. Essa coragem era manifestada na ousadia com que eles proclamavam o
evangelho de Cristo. Na verdade, a coragem dos discípulos remete o exemplo do
Mestre (Jo. 7.26; Mc. 8.32; Jo. 11.14). Em várias ocasiões, os apóstolos
mostraram-se corajosos perante seus oponentes (At. 4.13,29; 9.27; 13.46; 14.3;
28.31). O apóstolo Paulo testemunha de sua própria coragem ao pregar e ensinar
o evangelho (I Ts. 2.2; II Co. 3.12; Fm. 8; Ef. 6.19).
“Coragem” é uma atitude que vem do interior, do âmago do ser humano, uma
disposição de enfrentar as oposições levantadas pelo inimigo, de demonstrar
confiança em Deus e em Suas promessas e, diante disto, fazer aquilo que é da
vontade do Senhor, mesmo que contrarie a razão, a lógica e a vontade própria.
Coragem é, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “firmeza de
espírito para enfrentar situação emocionalmente ou moralmente difícil”.
–
Ora, na vida de Débora, vemos esta virtude bem delineada. Num instante de
fracasso espiritual, em que o povo estava há décadas vivendo no pecado,
misturando-se com a idolatria dos povos que viviam no meio dos israelitas,
Débora resolveu dedicar-se a Deus e a viver em santidade, a ponto de se tornar
uma profetisa e, depois, uma juíza em Israel, u’a mulher que se destacava numa
sociedade machista. Assim também, nós, que servimos a Deus no meio de uma
geração perversa e corrompida, devemos, também, brilhar como astros no mundo,
devemos refletir a glória do Senhor, sermos testemunhas de Jesus Cristo,
andando contra o curso deste mundo e, “de coração inteiro” (a palavra “coragem”
vem de “cor”, que, em latim, significa coração) servir ao Senhor.
–
Mas, com Débora, também aprendemos a dar a prioridade às coisas de Deus. Débora
é identificada como “mulher profetisa”, ou seja, tinha em primeiro plano o seu
relacionamento com Deus. Comungava com o Senhor dos Seus segredos, tinha
intimidade com Deus, buscava, em primeiro lugar na sua vida, ter um papel determinado
por Deus na sociedade. “Buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça” é o
que deve fazer cada servo do Senhor, seguindo, assim, o exemplo deixado por
Débora.
–
Mas Débora, apesar de pôr o seu relacionamento com Deus em primeiro plano, de
ter a busca do Senhor a sua principal ocupação, também nos dá uma lição a
respeito não nos esquecermos de nossa posição diante da sociedade, de
respeitarmos a cultura do povo onde vivemos, naquilo, obviamente, que não
contraria a Palavra do Senhor. Débora era “mulher profetisa”, mas não deixava
de assumir a sua condição de “mulher” bem assim o seu papel de “mulher de
Lapidote”.
–
Débora não negou a sua femininidade, nem tampouco a sua condição de mulher de
Lapidote, apesar de ser profetisa e juíza de Israel. Embora soubesse que havia
sido levantada como “mãe em Israel”, Débora jamais negou a sua posição social,
o que, infelizmente, muitos não têm feito. Tanto assim é que, no momento de
libertar a Israel, chamou Baraque que, como homem, tinha condições de comandar
o exército na guerra, função que não era possível Débora assumir e, mesmo
quando Baraque pediu que Débora fosse com ele, não assumiu para si o comando,
como também não foi a mulher que obteve a honra militar. Que lição para os
nossos dias!
- Devemos dar prioridade à obra de Deus, buscar primeiro o reino de
Deus, mas não devemos nos descuidar dos papéis que temos na sociedade, papéis
estes, aliás, que nos foram dados pelo próprio Senhor, que nos fez nascer em
uma dada sociedade, bem como ocupar esta ou aquela posição. Como “mulher” e
como “mulher de Lapidote”, Débora tinha responsabilidades que eram de
indispensável cumprimento, até porque, se Débora não se portasse devidamente
como u’a mulher e não tivesse um bom testemunho conjugal diante de Lapidote,
jamais poderia julgar a Israel ou ser profetisa.
- Muitos têm negligenciado, “por causa da obra de Deus”, os seus papéis
sociais, a começar pelos papéis familiares e o resultado disto outro não é
senão o fracasso de seu ministério. Quem não consegue governar bem a sua
casa, como poderá governar a casa de Deus (I Tm.3:4,5). Entretanto, contam-se
às centenas, quiçá milhares, aqueles obreiros que têm feito perecer os seus
ministérios porque descuidaram de cuidar de seus lares. Aprendamos com Débora:
sejamos “profetisa”, mas não deixemos de ser “mulher” e “mulher de Lapidote”.
–
Débora também ensina-nos muito a respeito da imparcialidade. Sendo juíza,
Débora não podia fazer acepção de pessoas (Dt.16:19; II Cr.19:7). Efetivamente,
Débora demonstrou ser imparcial. Convocou Baraque e lhe mandou libertar o
povo, mas, ante a sua frouxidão, não deixou de lhe dizer que iria vencer, mas
perderia a honra da vitória para u’a mulher. Também, em seu cântico, não tratou
a todos igualmente, porque Israel fora liberto, mas, antes, louvou aqueles que
expuseram suas vidas em risco, os corajosos, censurando os que haviam se
acovardado, nominando-os sem qualquer favoritismo, tanto que Meroz, cidade da
tribo de Baraque, foi alvo de u’a maldição dura.
- Com Débora, também, aprendemos a lição do discernimento espiritual.
Débora tinha o Espírito Santo e tudo discernia espiritualmente (I Co.2:11-16).
Assim, em seu cântico, vemos que louvou ao Senhor não por causa da vitória
militar obtida, mas porque o povo havia se oferecido voluntariamente, ou seja,
por causa da disposição firme de coração do povo em servir ao Senhor,
disposição esta que fora o ponto inicial da vitória exterior obtida. De igual
modo, ao censurar os que se negaram a ir à guerra, Débora aponta fatores
internos, espirituais. Temos este discernimento espiritual, ou nos comportamos
como verdadeiros homens naturais, julgando apenas segundo a aparência?
–
Débora, também, ensina-nos a lição do companheirismo, do amor fraternal.
Segundo vemos do relato bíblico, Débora não se negou a acompanhar Baraque,
ainda que fosse dele a tarefa de comandar o exército e libertar o povo de Israel.
Poderia ficar debaixo da sua palmeira entre Ramá e Betel, nos montes de Efraim,
já que não era sua a tarefa, conforme a mensagem do Senhor, mas, ante o pedido
de Baraque, sentiu amor fraternal e fez companhia ao exército, embora não tenha
guerreado propriamente, vez que isto não era da sua alçada. Mas o fato de ir
até um campo de batalha, sendo u’a mulher de certa idade, demonstra como ela
era companheira e disposta a ajudar aqueles que se encontravam necessitando de
apoio moral. Temos sido companheiros dos nossos irmãos? Temos nos ajudado uns
aos outros?
A Palavra de Deus habita em corações corajosos! A coragem e a fé se
complementam. Quem não crê não é capaz de atos de coragem. A incredulidade
impede o crente de agir corajosamente. Mas o que crê age com coragem! A fé em
Deus e nas promessas da Palavra do Senhor estimulam a coragem que suscita atos
heróicos. Fé e destemor acompanham a trajetória não apenas dos heróis bíblicos,
mas também do incontável número de heroínas e heróis anônimos por todo o mundo.
Fé e coragem estimularam os trezentos homens de Gideão. Fé e coragem têm
sustentado, diante da morte, o testemunho de muitos missionários cristãos. Fé
envolve confiança ilimitada no poder de Deus, mas a coragem, a nossa decisão em
dar o primeiro passo.
Mulheres que se destacam por sua firmeza e fé são muito usadas por
Deus. Elas passam por dificuldades como todas as outras, sentem medo algumas
vezes, são sensíveis, mas não esmorecem, não desanimam facilmente. São
vitoriosas sobre as lutas porque acreditam em seu coração que Deus está no
controle da situação, pois confiam inteiramente no Senhor e não temem ao serem
desafiadas.
Podemos aprender muito com a vida de Débora. Ela não é uma exceção.
Podemos ter coragem como ela teve e vencer as dificuldades também porque, o
mesmo Deus que a direcionava e lhe dava ousadia e sabedoria, é o Deus de hoje e
Ele O será eternamente, o Senhor dos exércitos que peleja por aqueles que O
buscam!
Precisamos ser mulheres doces, amáveis, serenas, porque somos sensíveis
por natureza, mas podemos também ter firmeza, garra, fé, determinação, ousadia,
tudo no seu momento, sem perder o foco, o qual é o de estarmos atentas à
direção que Deus nos dá em tudo na vida, em Sua palavra, no Seu manual.
Quero apenas ressaltar um detalhe que creio ser importante em se
tratando de firmeza, de coragem e ousadia: algumas mulheres casadas não
encontram um equilíbrio quando possuem essas características tão fortes e
marcantes. Por não demonstrarem fragilidade, acabam confundindo sua postura
dentro do lar, e querem tomar todas as decisões dentro de casa, por isso é
muito importante sempre lembrar de que o marido é o cabeça do lar, segundo a
bíblia nos ensina, e a submissão ao marido é algo de Deus, sobre o qual a
bíblia deixa muito claro (Efésios 5.22).
Que possamos sempre Lembrar que, mesmo sendo firmes e corajosas, que
são características que devemos ansiar e buscar, nunca deixaremos de ser a
parte mais frágil, como descrito em 1Pedro 3.7.
Que consigamos encontrar o equilíbrio entre a doçura e amabilidade que
uma mulher deve ter por natureza, com a firmeza e ousadia, características
admiráveis em Débora, o nosso belo exemplo .
Jânio
Fonte: Artigos Gospel
Nenhum comentário:
Postar um comentário