Esquadrinhamos 2.000 km desse pequeno
país (10% do território paranaense), com apenas 65 anos de independência, 7,9
milhões de habitantes e 4.000 anos de história. História de superação e
tenacidade.
Uma produtiva viagem de 8 dias,
adrede bem planejada, munidos de mapas e GPS, sem guias e sem incidentes, em um
automóvel com mais três familiares, todos com formação cristã. Abundantes são
as informações turísticas nas rodovias, concomitantemente em três idiomas:
hebraico, árabe e inglês, nesta ordem.
Israel possui a maior quantidade de
artigos científicos e um dos maiores índices de registro de patentes per capita
do mundo. Quando se coteja o número de adultos com formação universitária,
Israel ocupa o 2º lugar, com 48%, enquanto o Brasil está na 100ª posição, com
apenas 15%. Os gastos públicos em educação de ambos os países são equivalentes:
5,7% do PIB.
Embora raramente ultrapassaram 0,5%
da população mundial, 19% dos prêmios Nobel foram concedidos a cidadãos de
ascendência judaica. Para esse conspícuo desempenho intelectual, há várias
justificativas, das quais duas merecem destaque: a ênfase ao estudo permite
participar plenamente da vida religiosa da comunidade e a continuidade dos
valores morais dos judeus; e o patrimônio intelectual lhes propiciou a
sobrevivência e a adaptação no longevo decurso de sua história de diásporas,
guerras, invasões, perseguições e desterros.
O historiador americano Paul Johnson
se faz oportuno: “Nenhum outro povo mostrou-se mais fecundo em fazer da
desgraça um uso criador”. À guisa de uma artéria principal, numa das margens
das estradas, o aqueduto nacional – de metal, com uns 30 cm de diâmetro –, que
conduz para todo o país água doce do Mar da Galileia e água dessalinizada do Mediterrâneo.
A balança comercial agrícola de
Israel é deficitária em apenas 5%, um feito notável, pois 80% de suas terras
não eram originalmente agriculturáveis. Se é assim, o solo é apenas suporte e
adubo nele. O índice pluviométrico é baixíssimo? Pois bem, a água para a
irrigação provém do tratamento dos esgotos das cidades, demandada por tubos de
polietileno até à raiz das plantas, estas em boa parte distribuídas em estufas.
O gotejamento é uma técnica criada em
Israel em 1965, sendo adicionados à água nutrientes como superfosfato, cálcio e
potássio. Nesse ecossistema, sem uso de agrotóxicos, um hectare está produzindo
30 vezes mais que a média mundial.Israel é uma nação com eleições livres,– por
isso recebe a alcunha de oásis democrático, envolto por vários países
conflagrados. Internamente, a sensação é de segurança, quando se perambula
pelas suas cidades, inclusive à noite. Até mesmo na Cisjordânia, onde fizemos
um tour de dois dias.
Nada mais desejável e sensato que o
reconhecimento de um Estado Palestino convivendo ao lado de Israel, sem
conflitos, pois uma agressão aos olhos são os 700 km de muros, feitos de placas
de concretos com 6 m de altura, separando as duas regiões. Onipresentes,
soldados e soldadas com metralhadoras a tiracolo, revólveres e equipamentos
eletrônicos na cintura; serviço militar obrigatório por
três anos para eles e dois para elas, em seus uniformes fashion, poderosas e
sensuais, cabelos e rostos bem produzidos, como que a humanizar esse
ecossistema militarizado.
No deserto de Neguev, muitos postos
militares (testemunhamos exercícios com tanques). É um Estado militarizado, de
intimidação, enfim, a materialização do preceito romano: Si vis pacem, para
bellum (se quiseres a paz, prepara-te para a guerra).Desde a independência de
Israel, em 1948, foram cinco guerras. A mais feroz foi em seu primeiro ano de
vida, tendo como adversários cinco países árabes com o escopo anunciado de
lançar ao mar o Estado recém-criado.
Nesses três milênios, nenhuma cidade
superou Jerusalém em ataques – 52 vezes. Foi por duas vezes destruída, uma das
quais, no ano 70 d.C., com quase um milhão de judeus mortos pelos romanos.
Tantas nações sucumbiram, enquanto Israel mais uma vez renasce das cinzas, tal
Fênix. Qual o segredo dessa longevidade? Difícil responder, mas certamente,
entre outras razões, estão a perseverança e a resiliência de um povo diante das
adversidades, bem como o zeloso investimento na formação das futuras gerações
pela família e pelo Estado.
Jacir J. Venturi, professor, autor de
livros e presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná.
Esquadrinhamos 2.000 km desse pequeno país (10% do território paranaense), com
apenas 65 anos de independência, 7,9 milhões de habitantes e 4.000 anos de
história. História de superação e tenacidade. Uma produtiva viagem de 8 dias,
adrede bem planejada, munidos de mapas e GPS, sem guias e sem incidentes, em um
automóvel com mais três familiares, todos com formação cristã. Abundantes são
as informações turísticas nas rodovias, concomitantemente em três idiomas:
hebraico, árabe e inglês, nesta ordem.
Israel possui a maior quantidade de
artigos científicos e um dos maiores índices de registro de patentes per capita
do mundo. Quando se coteja o número de adultos com formação universitária,
Israel ocupa o 2º lugar, com 48%, enquanto o Brasil está na 100ª posição, com
apenas 15%. Os gastos públicos em educação de ambos os países são equivalentes:
5,7% do PIB. Embora raramente ultrapassaram 0,5% da população mundial, 19% dos
prêmios Nobel foram concedidos a cidadãos de ascendência judaica.
Para esse conspícuo desempenho
intelectual, há várias justificativas, das quais duas merecem destaque: a
ênfase ao estudo permite participar plenamente da vida religiosa da comunidade
e a continuidade dos valores morais dos judeus; e o patrimônio intelectual lhes
propiciou a sobrevivência e a adaptação no longevo decurso de sua história de
diásporas, guerras, invasões, perseguições e desterros. O historiador americano
Paul Johnson se faz oportuno: “Nenhum outro povo mostrou-se mais fecundo em
fazer da desgraça um uso criador”.
À guisa de uma artéria principal,
numa das margens das estradas, o aqueduto nacional – de metal, com uns 30 cm de
diâmetro –, que conduz para todo o país água doce do Mar da Galileia e água
dessalinizada do Mediterrâneo. A balança comercial agrícola de Israel é
deficitária em apenas 5%, um feito notável, pois 80% de suas terras não eram
originalmente agriculturáveis. Se é assim, o solo é apenas suporte e adubo
nele. O índice pluviométrico é baixíssimo? Pois bem, a água para a irrigação provém
do tratamento dos esgotos das cidades, demandada por tubos de polietileno até à
raiz das plantas, estas em boa parte distribuídas em estufas. O gotejamento é
uma técnica criada em Israel em 1965, sendo adicionados à água nutrientes como
superfosfato, cálcio e potássio. Nesse ecossistema, sem uso de agrotóxicos, um
hectare está produzindo 30 vezes mais que a média mundial.
Israel é uma nação com eleições
livres,– por isso recebe a alcunha de oásis democrático, envolto por vários
países conflagrados. Internamente, a sensação é de segurança, quando se
perambula pelas suas cidades, inclusive à noite. Até mesmo na Cisjordânia, onde
fizemos um tour de dois dias. Nada mais desejável e sensato que o
reconhecimento de um Estado Palestino convivendo ao lado de Israel, sem
conflitos, pois uma agressão aos olhos são os 700 km de muros, feitos de placas
de concretos com 6 m de altura, separando as duas regiões.
Onipresentes, soldados e soldadas com
metralhadoras a tiracolo, revólveres e equipamentos eletrônicos na cintura;
serviço militar obrigatório por três anos para eles e dois para elas, em seus
uniformes fashion, poderosas e sensuais, cabelos e rostos bem produzidos, como
que a humanizar esse ecossistema militarizado. No deserto de Neguev, muitos
postos militares (testemunhamos exercícios com tanques). É um Estado
militarizado, de intimidação, enfim, a materialização do preceito romano: Si
vis pacem, para bellum (se quiseres a paz, prepara-te para a guerra).
Desde a independência de Israel, em
1948, foram cinco guerras. A mais feroz foi em seu primeiro ano de vida, tendo
como adversários cinco países árabes com o escopo anunciado de lançar ao mar o
Estado recém-criado. Nesses três milênios, nenhuma cidade superou Jerusalém em
ataques – 52 vezes. Foi por duas vezes destruída, uma das quais, no ano 70
d.C., com quase um milhão de judeus mortos pelos romanos. Tantas nações
sucumbiram, enquanto Israel mais uma vez renasce das cinzas, tal Fênix. Qual o
segredo dessa longevidade? Difícil responder, mas certamente, entre outras
razões, estão a perseverança e a resiliência de um povo diante das
adversidades, bem como o zeloso investimento na formação das futuras gerações
pela família e pelo Estado.
Jacir J.
Venturi, professor, autor de livros e presidente do Sindicato das Escolas
Particulares do Paraná.
Fonte:
Pletz
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