Contra
todas as expectativas, o setor de turismo conseguiu se adaptar à crise
econômica, explica, em uma entrevista, Taleb Rifai, secretário-geral da
Organização Mundial de Turismo (OMT), que prevê um crescimento mundial do setor
de cerca de 4% em 2012.
O turismo
foi duramente atingido pela crise em 2008 - com uma desaceleração de 2,1% -
antes de viver em 2009 seu pior ano em 60 anos, segundo à OMT, com uma queda de
3,8% na chegada de turistas.
Contudo,
enquanto a crise parece não chegar ao fim, o turismo cresceu 6,6% em 2010 e 5%
em 2011.
"A
única boa notícia procedente da economia vem do turismo", um setor
"muito flexível, que se adapta bem" às circunstâncias, comemora
Rifai, dirigente do organismo ligado à ONU com sede em Madri.
Apesar da
crise, "o turismo faz parte do estilo de vida, não podemos renunciar a
ele", afirma. As dificuldades econômicas "mudarão as formas de
viajar, as pessoas procurarão as ofertas, mas continuarão viajando",
acrescenta.
Na véspera
do Dia Mundial de Turismo, nesta quinta-feira, a OMT demonstra otimismo em
relação a 2012. No primeiro semestre o setor registrou um crescimento de 5%. No
conjunto do ano "esperamos um crescimento de entre 3% e 4%, eu diria mais
próximo a 4%", projeta Rifai.
"Isso
quer dizer que alcançaremos em novembro ou dezembro a cifra histórica de
bilhões de turistas internacionais", diz.
Entre
janeiro e junho, o crescimento foi mais forte na região Ásia-Pacífico, com um
aumento de 8% da chegada de turistas. O Japão se recuperou depois de sofrer uma
forte queda em 2011 como consequência do terremoto, tsunami e do acidente
nuclear de Fukushima.
A Europa, a
região mais visitada do mundo, registrou um aumento de 4% no número de
turistas, uma cifra similar a das Américas, com 5%.
A África
(+7%) também viveu um bom primeiro semestre, especialmente no norte do
continente (+11%), depois de ter sofrido as consequências das revoltas
populares da chamada Primavera Árabe. "Há uma verdadeira reativação no
Egito e na Tunísia", destaca a OMT.
Um setor
gerador de empregos
"O turismo é provavelmente um dos únicos setores que podem estimular a economia mundial, em particular no que se refere a empregos: dadas as elevadas porcentagens de desemprego que registramos atualmente, não podemos subestimar os que são gerados pelo turismo", defende Rifai.
"O turismo é provavelmente um dos únicos setores que podem estimular a economia mundial, em particular no que se refere a empregos: dadas as elevadas porcentagens de desemprego que registramos atualmente, não podemos subestimar os que são gerados pelo turismo", defende Rifai.
Com 235
milhões de postos de trabalho, o setor é responsável por 5% do PIB mundial.
Isso leva à
OMT a se preocupar com os obstáculos que podem ameaçar o crescimento desta
indústria. "Nosso pedido, nossa mensagem, é que os dirigentes de todo o
mundo utilizem todo o potencial do turismo, porque, no momento, não é o
caso", disse Rifai.
"As
taxas sobre as viagens se transformaram em um verdadeiro problema para
nós", explica. "Estamos preocupados com a indústria aérea, porque a
maior parte de taxas, no turismo, está relacionada ao transporte,
principalmente ao avião", meio escolhido para mais de 50% dos trajetos.
"Isso
é realmente alarmante", insiste. "Estamos preocupados com a
capacidade de as pessoas viajarem de avião e pela competitividade do setor, que
ficará severamente afetada por estas taxas, além da possibilidade de uma forte
alta do preço do petróleo".
"É um
problema que afeta principalmente o tráfego que sai da Europa", onde as
taxas aéreas são mais elevadas, "mas, no fim, como entre 52% e 55% das
viagens do mundo vêm da Europa, este é um problema global", considera
Rifai.
Fonte:
Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário