Andreas
Andreadis é um homem de negócios confiante, que não esconde o que pensa.
Enquanto os gregos iam às ruas protestar contra as medidas de austeridade, ele,
na condição de presidente da Federação das Empresas de Turismo da Grécia,
agradecia publicamente à chanceler federal alemã, Angela Merkel, pela pressão
feita sobre Atenas. Nos últimos anos, suas críticas foram quase sempre para os
próprios políticos gregos.
Durante o
verão europeu, no entanto, Andreadis pôde relaxar um pouco mais. Isso porque o
país nunca recebeu tantos turistas como agora - graças, sobretudo, aos
estrangeiros. "Havíamos estabelecido para este ano uma meta audaciosa de
17 milhões de visitantes no país. Tudo indica que atingimos este resultado, e
pode ser ainda que o tenhamos superado", comemora.
Segundo
seus cálculos, isso significa um crescimento de mais de 10% em comparação com o
ano passado - isso sem contar os viajantes de cruzeiros. E ele ressalta ainda
que, de acordo com o banco central grego, os gastos dos visitantes aumentaram
18% no período.
Pela
primeira vez desde o início da crise financeira na Europa as reservas de
turistas alemães, por exemplo, voltaram a crescer. Segundo levantamentos do
setor, a procura neste ano aumentou 15% com relação a 2012, quando houve uma
grande retração.
Paralelamente
os gregos se esforçam para atrair novos mercados. E parecem ter alcançado os
primeiros resultados positivos: o número de turistas russos está perto de bater
a casa de 1 milhão, o volume de reservas a partir da Ucrânia dobrou do ano
passado para cá e, pela primeira vez, a Grécia deve receber mais de 800 mil
visitantes da Turquia.
GREGOS
FICAM EM CASA
Já os
gregos, porém, não estão em condições de bancar uma temporada de férias no
próprio país. Para evitar gastos, 60% dos moradores do país evitaram viajar
neste verão ou optaram apenas por visitar amigos e parentes, por alguns poucos
dias, em suas cidades de origem.
A retração
do turismo interno também é um problema, explica Andreadis. De 2008 para cá, o
faturamento no setor praticamente caiu pela metade e encontra-se, atualmente,
em 1,5 bilhão de euros por ano. Já entre os turistas estrangeiros os ganhos
chegam a 11,5 bilhões de euros.
"Do
ponto de vista econômico, é muito importante que o número de visitantes
estrangeiros cresça. Nossa balança comercial depende disso", afirma
Andreadis, proprietário de um hotel de luxo na península grega de Calcídica.
Se a
tendência positiva no setor permanecer, o turismo poderá ser um importante
instrumento para voltar a alavancar a economia grega, que já vive seu sexto ano
seguido em crise. Atualmente, o fluxo do exterior responde por quase um quinto
do PIB do país e compõe a terceira coluna mais importante da economia da
Grécia, juntamente com o setor marítimo e a agricultura.
Ainda não
se pode afirmar que o turismo será um motor de crescimento que vai tirar a
Grécia da crise. O primeiro-ministro grego, Antonio Samaras, porém, mostra-se
confiante. "Precisamos segurar até o verão [de julho a setembro]. A partir
de setembro nossa economia deve dar um grande salto", garantiu no final do
ano passado.
O analista
econômico e diretor do site grego especializado em finanças capital.gr,
Thanassis Mavridis, observa a situação com cautela: "Nossa economia
precisa de uma história de sucesso, de uma fonte de esperança. Este boom
turístico é uma mensagem certa no momento certo. Mas com certeza não é motivo
para soltar fogos".
Fonte:
Folha.com
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