Uma batalha legal de 10 anos está
chegando ao fim na Terra Santa. Varias relíquias bíblicas surpreendentes,
incluindo uma caixa de pedra calcária onde estariam os ossos do irmão de Jesus
e a primeira “prova” do Templo construído pelo rei Salomão.
A Autoridade de Antiguidades de
Israel não conseguiu provar em tribunal que os itens foram forjados por Oded
Golan, que revelou ao mundo as antiguidades. Este mês, o governo de Israel
pediu a posse dos itens que ele passou uma década chamando de “falsos”.
O jornal israelense Haaretz noticiou
a declaração do representante da Autoridade de Antiguidades: “Nós entendemos a
situação de forma diferente agora. Isso nos pertence… e temos o direito de
fazer o que quisermos com nossa propriedade”.
O Supremo Tribunal de Israel ainda
não deu o veredito final sobre quem terá a posse definitiva, se Golan ou o
estado. Mas isso pode mudar muita coisa, explica Hershel Shanks, editor-chefe
da revista especializada Biblical Archaeology Review.
“Eles ficaram acusando-o de
falsificador por mais de dez anos, tornaram sua vida um inferno, mandaram-no
para a cadeia, depois para prisão domiciliar e geraram uma enorme despesa
legal… e agora eles estão reconhecendo que são autênticas? É difícil de
entender”, disse ele em entrevista à FoxNews.
A principal disputa é pela chamada
Yoash tablete, ou “estela de Joás”, uma pedra com o tamanho de um caderno
escolar. Suas quinze linhas descrevem os planos do rei Joás para a reforma do
Templo de Salomão. A narrativa confirma o que está no capítulo 12 do Segundo
Livro dos Reis, no Antigo Testamento.
As inscrições em fenício relatam como
o rei Joás instruiu os sacerdotes a recolherem dinheiro para pagar as reformas
do Primeiro Templo de Jerusalém. O pequeno artefato pode ser considerada a mais
antiga prova de um relato bíblico já encontrada. “Se a inscrição passar por
todos os testes de autenticidade, será o artefato mais importante da
arqueologia israelense”, disse na época o arqueólogo Gabriel Barkai, da
Universidade Bar-Ilan.
A disputa sobre a existência do
Primeiro Templo de Salomão no monte Sião envolve um conflito secular com os
muçulmanos, pois no local atualmente está o Domo da Rocha, reverenciado pelo
Islã. O Muro das Lamentações, logo ao lado é tudo que restou do Segundo Templo,
construído por Herodes durante a ocupação romana da região.
O outro item envolvido no processo é
um ossuário, uma caixa de pedra calcária que guardaria os restos mortais de um
judeu chamado Tiago. O grande diferencial é a inscrição que diz: “Tiago, filho
de José, irmão de Jesus”. O uso de nomes coincide com a narrativa do Novo
Testamento e seria considerado o primeiro “elo físico” da narrativa sobre Jesus
fora da Bíblia.
Golan já colocou o ossuário em exposição
em museus. Mas a Autoridade de Antiguidades de Israel sempre questionou sua
autenticidade. São 10 anos de disputa nos tribunais, um processo que inclui 12
mil páginas de documentos e foram mais de 100 audiências. O veredito final pode
causar um grande impacto na comunidade arqueológica mundial.
David Barhum, o advogado de defesa de
Golan, acredita que a mudança de atitude do governo de Israel seria a
confirmação definitiva que as peças apresentadas por seu cliente são
verdadeiras.
Por sua parte, os representantes da
Autoridade de Antiguidades de Israel não querem se manifestar antes da
divulgação do veredito. Eles continuam dizendo que as peças são forjadas, mas
como foram encontradas no território de Israel, pertencem ao Estado.
Especialistas em arqueologia olham
para três aspectos antes de determinar a autenticidade de uma descoberta: o
estilo da escrita, a linguagem da inscrição e a composição geológica do
material. Até agora não existe um consenso nas análises feitas nas peças.
Se nos tribunais o processo se
encerrou, na comunidade científica, a controvérsia continua longe de uma
solução definitiva. Os primeiros testes mostraram que a inscrição datava do
século IX a.C., o que coincidiria com o reinado de Joás. Também indicaram a
presença de salpicos de ouro fundido na superfície da pedra, que poderiam ter
sido causados por um incêndio, como o que destruiu o Templo de Salomão, em 586
a.C.
As provas históricas da existência de
Salomão são escassas e evidências concretas do templo construído por ele nunca
foram encontradas.
O principal problema na questão do
ossuário, que tem 50 centímetros de comprimento por 25 centímetros de altura e
pesa 25 quilos, é a implicação religiosa. Para os judeus seria embaraçoso
admitir que realmente existiu o Jesus descrito na Bíblia.
As discussões sobre o reconhecimento
público envolveram cerca de 200 especialistas no julgamento que se desenrola
desde 2005. A participação de peritos em testes de carbono-14, arqueologia,
história bíblica, paleografia (análise do estilo da escrita da época),
geologia, biologia e microscopia transformou o tribunal israelense em um palco
de seminário de doutorado. Com informações Isto É, Fox News e
Discovery.
Fonte: Gospel Prime
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