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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Teologia da Prosperidade está presente em dois terços das igrejas, diz estudo


Embora Kate Bowler diga não escrever sobre um ponto de vista teológico, sua pesquisa inclui elementos de história, sociologia e até psicologia. Contudo, “Blessed: A History of the American Prosperity Gospel” [Abençoado: uma História do Evangelho da Prosperidade], é a adaptação da sua tese de doutorado em formato de livro. Lançado nos EUA recentemente, caiu como uma bomba no meio evangélico e foi matéria da edição de setembro da influente revista Christianity Today.

Embora inicie com uma breve história da chamada “teologia da prosperidade” a autora se dedicou mais a investigar a influência desse tipo de pregação nas igrejas evangélicas. Bowler entrevistou pastores, visitou megaigrejas, leu dezenas de livros e atreve-se a concluir: a pregação da prosperidade domina os púlpitos. Mas não só nos EUA, ela traça paralelos com diversos países, desde o Brasil até Cingapura, passando pela Nigéria.

Embora em alguns lugares seja apresentado como “pregação de saúde e riqueza”, “confissão positiva” ou “teologia da dominação”, o foco é o mesmo: riqueza e vida boa aqui e agora. A grande maioria dos pregadores tem seus próprios programas de TV, escrevem livros sobre o assunto e atraem multidões para suas megaigrejas. E as pessoas parecem gostar, cada vez mais.

Embora repudiado pelos teólogos, o movimento que oferece a prosperidade a todos os que tiverem fé, superou a velha pregação baseada no arrependimento e na mudança de vida. Bowler atualmente é professora da Duke Divinity School, Universidade fundada pela Igreja Metodista, mas que hoje forma acadêmicos no estudo de diversas religiões.

Para a pesquisadora, desde o final do século 19, os pregadores que ensinavam a “prosperidade vinda de Deus” absorveu e ajudou a espalhar vários aspectos culturais do chamado “sonho americano”. Ou seja, com determinação e perseverança todo mundo poderá ser rico um dia.

Com o passar dos anos, a pregação foi se modificando, até que nos anos 1970 consolidou um modelo que é usado até hoje. Fé = investimento + auto-ajuda. Cultos que enfatizavam curas e milagres também auxiliaram na formatação teológica. Por fim, em alguns lugares mais do que em outros, a ênfase na obra de demônios como o principal obstáculo a ser vencido pelo cristão.

Bowler vai listando uma série de pastores e igrejas do século passado até chegar aos dias de hoje. O mínimo denominador comum a todas as igrejas evangélicas é que a teologia da prosperidade continua crescendo por que a maioria dos fieis só quer ouvir isso. O movimento que varreu as igrejas americanas nos anos 60 e 70, deu condições para que seminários com esse enfoque fossem criados e com isso, a perpetuação dos ensinamentos e a expansão para todos os lugares do mundo. Ao mesmo tempo, as denominações mais tradicionais experimentavam uma crescente relativização, sem tomar posição firme sobre esses ensinamentos por décadas.

O movimento não tinha uma organização central, mas a proliferação dos televangelistas acabou gerando dois grupos principais. A base comum são dois elementos-chave: Deus quer abençoar e você precisa querer ser abençoado.

O que mais cresce é a chamada “prosperidade soft” cuja mensagem é centrada nos pregadores (sejam eles pastores, bispos ou apóstolos) e que oferecem uma mensagem com muitos elementos de psicologia (autoajuda) em que a vida cristã é um desfrutar contínuo de bênçãos. Desde que sigam os “passos certos”, todos poderão alcançar a “vitória”.

Do outro lado, a “prosperidade tradicional”: que enfatiza os “pontos de fé”, objetos distribuídos ou vendidos nos cultos e que colaboram com a vida cristã; além da luta constante contra os demônios, que causam todo tipo de problema na vida pessoal, familiar e profissional.

Citando estudos, Bowler afirma que 17% dos evangélicos americanos reconhecem fazer parte desse movimento, que todos os domingos atrai milhões de pessoas para as megaigrejas. Outro dado alarmante é que dois terços de todos os evangélicos do mundo estão em igrejas que pregam a “teologia da prosperidade”, embora a maioria sequer tenha ouvido falar dela.

Em sua investigação global, a autora lista as maiores igrejas do mundo e analisa suas bases teológicas. Destaque para a Igreja do Evangelho Pleno na Coreia do Sul, do pastor Young Choo e a Igreja Universal do Reino de Deus, fundada pelo bispo Edir Macedo no Brasil.

Na parte final de suas quase 400 páginas, Bowler demonstra com estatística na venda de livros, como ocorreu uma acentuada queda na preocupação dos evangélicos com temas como ação social nas igrejas, o arrebatamento e o final dos tempos.

Não há previsão de seu lançamento no Brasil, mas é possível ler alguns capítulos no Google Books ou no site da Amazon.

Fonte: Gospel Prime

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