A Embratur
pediu à Fifa e a entidades representantes do setor hoteleiro no Brasil que
renegociem a redução dos preços de diárias para o período da Copa do Mundo 2014,
depois de uma pesquisa mostrar reajustes de até 500% nas tarifas para o ano que
vem.
Em um
comunicado oficial enviado para o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, e
para os presidentes do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e da
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), o órgão pediu um diálogo
entre as partes para reverter o que disse ser "um estratosférico
crescimento" dos preços para a Copa.
"Evidentemente
que períodos de maior demanda implicam reajustes de preços, contudo o que se
questiona é o patamar em que isso pode ocorrer, já que a chamada 'lei da oferta
e da procura', certamente irrevogável, também não pode ser absolutizada ao ponto
de conduzir a absurdos", diz o documento.
Uma
pesquisa da Embratur, comparando as tarifas cobradas para o período da Copa do
Mundo com as vigentes no período convencional (entre julho e agosto de 2013),
indicou que nas 12 cidades-sede do Mundial os preços de hotéis apresentavam
reajustes acima de 100% nas tarifas. Em Salvador, um dos hotéis chegou a ter um
reajuste de 583%.
O estudo,
segundo o órgão, se baseou nos valores apresentados pelo próprio site da Fifa,
comparando-os com as tarifas cobradas pelos mesmos hotéis em seus sites de
reserva ou sites de reservas de viagens, para estadia entre julho e agosto
deste ano. Apenas quartos de iguais padrões foram considerados.
A Embratur
diz temer que a alta nos preços dos quartos de hotel prejudique a imagem do Brasil
entre os turistas.
REFLEXÃO
O documento
oficial da Embratur cita medidas do governo brasileiro que teriam favorecido o
setor hoteleiro, como a redução das tarifas de energia elétrica, e afirma que
não há "razões objetivas" para o percentual de aumento dos preços.
O órgão
afirma ainda que as tarifas médias em dólares na maioria das cidades-sede
brasileiras são superiores às praticadas na Alemanha durante o Mundial de 2006.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o preço médio das diárias para o período da Copa
é de US$ 461 (R$ 1.100) entre 20 e 24 de junho, antes mesmo da final do
torneio, que acontecerá no dia 13 de julho.
Em Munique,
na Alemanha, a tarifa média foi de US$ 191 (R$ 457) durante toda a Copa de
2006.
A Embratur
afirmou querer "propôr uma reflexão" às empresas, sobre se
"estamos diante de práticas saudáveis de mercado e que conduzirão aos
melhores resultados"; À BBC Brasil, a Embratur afirmou que o aumento nos
preços dos hotéis na lista oficial da Fifa pode fazer com que outros
estabelecimentos também aumentem suas tarifas.
"Pela
experiência com a Rio+20, vemos que isso tem um efeito em cadeia. Os hotéis da
rede oficial subiram o preço e aí os que não estavam na rede oficial aumentaram
mais ainda", disse a assessoria do órgão.
"O
aumento é ruim para o Brasil como destino turístico. Os megaeventos têm como
fator positivo trazer um público novo muito grande. No caso da Jornada Mundial
da Juventude, por exemplo, 80% das pessoas nunca tinham vindo ao Brasil."
Às vésperas
da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que foi
realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012, o governo fechou um acordo para
reduzir as tarifas de hotéis na cidade, após a divulgação dos altos valores de
diárias e pacotes cobrados.
INTERMEDIAÇÃO
O comunicado
também pede que a empresa suíça Match, detentora dos direitos do Programa de
Hospitalidade da Fifa, reduza suas taxas de mark-up ─ termo que
indica o quanto o preço de um produto está acima de seu custo.
A Match é a
principal responsável pela a acomodação da comunidade Fifa, incluindo oficiais,
equipes, delegados, convidados e funcionários. A empresa tem acordos com cerca
de 800 hotéis brasileiros e oferece o serviço de reserva de quartos ao público
em geral pelo site da Fifa, cobrando taxas de intermediação sobre o preço das
diárias dos hotéis.
"Frisamos
que identificamos percentuais superiores a 40% sobre o valor contratado com o
hotel, o que contribui decisivamente para a elevação do já alto patamar das
diárias dos hotéis", diz a Embratur, que afirmou ter incluído os custos de
intermediação da agência em sua pesquisa de preços.
A Match
disse à agência de notícias Associated Press que não é responsável por regular
os preços dos hotéis, mas que "de uma perspectiva contratual, nada impede
que os hotéis abaixem seus preços para a Match e a Match prontamente repassará
os benefícios dessas reduções para os consumidores".
No entanto,
a empresa disse acreditar que "na maioria dos casos os hotéis já estão
oferecendo preços para a Copa que estão de acordo com os preços que conseguem
fora de períodos 'premium'".
Na
terça-feira começou a primeira fase da venda dos ingressos para a Copa do Mundo
de 2014. A Fifa registrou mais de 1 milhão de pedidos nas primeiras sete horas.
De acordo
com a entidade, o maior número de solicitações no primeiro dia de vendas veio
do Brasil e, em seguida, da Argentina, dos Estados Unidos, do Chile e da
Inglaterra.
Fonte: Folha.com
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