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sábado, 24 de agosto de 2013

Poltrona de luxo é arma do setor aéreo para ganhar mais dinheiro


Em um laboratório de testes perto do aeroporto de Frankfurt, uma pequena equipe da Lufthansa trabalha há cinco anos para refinar um dos conceitos mais sigilosos da companhia, em um projeto chamado de "conceito V".

Com dois metros de comprimento, quase 60 centímetros de largura e um aconchegante apoio almofadado para os pés, o "conceito V" é a mais recente arma da empresa na feroz competição do setor mundial de aviação: uma poltrona de classe executiva.

Ela não é a única. Bilhões de dólares estão sendo investidos em pesquisa e desenvolvimento pelo setor. Arquitetos e até mesmo projetistas de iates foram convocados para rechear as novas poltronas de inovações de engenharia e recursos luxuosos.

A fabricação de uma poltrona de classe executiva pode custar até US$ 80 mil. Os modelos de primeira classe, produzidos sob encomenda, custam até US$ 500 mil.

"Há uma corrida armamentista em curso entre as companhias de aviação", diz Bob Lange, vice-presidente da Airbus. "A classe executiva é o segmento no qual a concorrência é realmente séria", afirma Björn Bosler, gerente de experiência de usuário na Lufthansa.

Os viajantes de primeira classe e classe executiva respondem por 10% a 15% do total de assentos vendidos nos voos de longa distância, mas geram metade do faturamento de companhias de aviação como a Lufthansa e a British Airways, diz Samuel Engel, vice-presidente da consultoria de aviação ICF SH&E.

A disputa por esse passageiro, que tem dinheiro ou trabalha em empresa que banca suas viagens, conta com o bom design para contornar a limitação do espaço interno de um avião.

"A poltrona é um dos poucos elementos que uma companhia de aviação pode de fato criar a seu gosto", afirma Patricia Bastard, arquiteta e designer que trabalhou com a Air France no desenvolvimento de suas cabines de primeira classe. "As poltronas são únicas de cada companhia aérea."

INOVAÇÕES DE DESIGN

Até cinco atrás, a norma era que as poltronas executivas oferecessem ao passageiro a possibilidade de se estender, em posição inclinada - o que era definido como "falso leito", diz Mark Hiller, presidente-executivo da alemã Recaro Aircraft Seating, uma das três grandes fabricantes de poltronas para aviões.

Mas os viajantes frequentes se queixavam de que escorregavam das poltronas durante o voo. Agora, as companhias de aviação cada vez mais tentam encaixar poltronas-leito que permitam que o passageiro se alongue em posição horizontal.

Essas poltronas criam um problema porque requerem mais espaço, o que tipicamente significa uma redução de 10% no número de lugares da classe executiva.

A British Airways desenvolveu um design no qual metade dos passageiros se senta voltada para trás. Nesse sistema, consegue posicionar até 56 assentos executivos em apenas sete fileiras, ao encaixar a parte mais larga da anatomia de um passageiro (seus ombros) à mais estreita do passageiro oposto (seus pés).

O lado negativo, evidentemente, é que isso desordena o esquema tradicional de acomodação nos aviões. Os passageiros viajam um de frente para o outro, o que acarreta o risco de trocas desconfortáveis de olhares.

Outras disposições incluem o formato em "espinha de peixe", usado pela Virgin Atlantic. As poltronas são dispostas diagonalmente, o que permite menos espaço entre elas. Mas isso significa que os pés dos passageiros se estendem para o corredor.

A mais recente tendência em poltronas é a acomodação de alta densidade, agora em uso nas empresas Emirates, Swiss e Delta, com camas ligeiramente mais curtas e assentos mais estreitos. O truque no caso é que, quando a poltrona se estende para o formato leito, ela desliza por sob o descanso de braço do passageiro em frente.

Fonte: Folha.com

 

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