Em uma fila
de rodoviária em Nova York numa manhã de domingo no fim de julho, uma família
brasileira embarcava rumo a Nova Jersey, o "paraíso das compras".
"Esse
ônibus para o outlet vai nos deixar um pouco mais longe, mas é de graça.
Chegando lá, vamos andando até o shopping. Se fôssemos os quatro pagando a
passagem do outro ônibus, o total passaria de US$ 50", diz a advogada
Martha Santana.
A alta do
dólar, de 11% no ano, incomodou, mas não apagou o desejo do brasileiro de
comprar. No primeiro semestre, os US$ 12,3 bilhões gastos por viajantes foram
recorde, segundo o BC.
E Nova York
ainda é um dos destinos favorito. Segundo a organização de turismo da cidade,
NYC & Company, o câmbio, "por enquanto, não tem afetado o gasto".
Mas os brasileiros, famosos pela disposição ao consumir, estão mais
criteriosos.
"Viemos
nas férias de 2012 e naquela época compramos dólar a R$ 1,98. Agora pagamos R$
2,37. A viagem fica diferente", diz o engenheiro Décio Rodrigues. Sua
mulher, a também engenheira Arlete Colla, nota que o hotel escolhido pela
família estava em promoção, e as visitas a restaurantes em 2012 foram trocados
por lanches.
As compras
serão sacrificadas, mas não suspensas. "Neste ano vamos voltar com quatro
malas. No ano passado, foram seis", diz o aposentado Luiz Antonio Cabral.
A gastança
brasileira foi notada pela mídia e o comércio americanos em 2009, quando o
volume de visitantes brasileiros subiu de 332 mil para 589 mil. O entusiasmo
então vinha da moeda fortalecida, do acesso ao crédito e da dificuldade de
comprar os mesmos produtos no Brasil, sobretaxados.
Os dois
últimos parecem ainda valer. "O ideal desta vez é escolher produtos mais
caros, que vão ter preço bem mais alto no Brasil. Isso ainda vale a pena",
diz a administradora Renata Ramos.
EUROPA
A
desvalorização do real tampouco inibiu os brasileiros de gastarem em libra, que
na sexta valia R$ 3,53.
Em Londres,
o empresário Ernei Junckes, 49, disse que a mudança no câmbio não mudou os
planos dele e da mulher, Adriana. Na sexta, o casal de Campinas reservou a
tarde para visitar uma loja famosa pelos preços baixos. "Aqui continua a
ser barato comparado ao Brasil."
O médico
José Antonio Carvalho, 54, de Santo André, levou a mulher e dois filhos a uma
loja de departamentos. Ele acha a libra cara, mas manteve o plano de renovar o
guarda-roupa. "Não houve surpresa com o câmbio. Reservamos passagens e
hotel com antecedência."
Fonte: Folha.com
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