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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Aumenta a crença em milagres, mesmo sem a intervenção divina


Embora os índices mostrem que cada vez mais pessoas estejam se afastando da religião organizada, um novo estudo descobriu que cresce o número daqueles que creem em milagres.

Uma pesquisa recente, publicada nos EUA, mostra que a crença em milagres aumentou 22% nas últimas duas décadas. Atualmente, 55% dos americanos dizem estar certo que esses “fenômenos sobrenaturais” ocorrem.

No geral, cerca de quatro em cada cinco entrevistados acreditam que milagres “provavelmente” ou “certamente” irão ocorrer, relatou o pesquisador Robert Martin, da Universidade Estadual da Pensilvânia numa recente reunião da Associação Americana de Sociologia, em Denver.

Enquanto os percentuais de pessoas que dizem crer em céu e inferno se mantiveram constantes nas últimas décadas, a crença em milagres aumentou, independentemente das tradições religiosas. Curiosamente, este novo interesse em milagres que não necessariamente são religiosos é atribuído ao popular programa de TV da apresentadora Oprah Winfrey.

Ela deu bastante espaço à questão espiritualidade nos últimos, levando o assunto para a casa de milhões de espectadores que raramente vão à igreja. Por exemplo, ela veio ano passado ao Brasil entrevistar o médium João de Deus, em Goiânia, e dedicou a suas “cirurgias espirituais” um programa inteiro.

A crescente crença em milagres parece ir contra uma cultura que experimenta rápidas mudanças tecnológicas, onde a ciência é cada vez mais presente na vida cotidiana. Ao mesmo tempo, as tendências acadêmicas, como o crescimento do liberalismo teológico, tendem a lançar dúvidas sobre muitos dos relatos de milagres da Bíblia.

O pastor e teólogo Mark J. Larson publicou um artigo recente na conceituada revista teológica Bibliotheca Sacra, intitulado “Três Séculos de Objeções aos milagres bíblicos”, onde analisa os argumentos contrários a uma ação divina usados pelos filósofos. Larson destaca algumas dessas percepções ao longo dos anos.

Voltaire disse que um “milagre seria uma violação das eternas leis imutáveis e matemáticas”. David Hume chamou a crença em milagres de “uma ilusão supersticiosa.” O artigo conclui que, nos últimos 300 anos, “Os ventos intelectuais… têm soprado em direção contrária à crença em milagres”.

O relatório de 2010 do renomado Instituto de Pesquisas Pew revelou que 79% dos norte-americanos, acreditam em milagres, incluindo as pessoas na faixa etária entre 18 e 29 anos.

Robert Martin analisou os dados da pesquisa Social Survey de 1991 a 2008. Ele demonstra como a crença em milagres cresceu nos últimos anos. Em 1991, quase 73 % dos adultos diziam acreditar que os milagres “provavelmente” existiam, em comparação com 78%, em 2008. A percentagem dos que “certamente” acreditavam em milagres subiu de 45 % (em 1991) para 55% (em 2008).

Uma descoberta surpreendente, segundo o pesquisador, foi que, ao longo das últimas duas décadas aumentou consideravelmente o índice entre as pessoas que não frequentam uma igreja assiduamente. Entre os entrevistados sem nenhuma filiação religiosa, o percentual dos que acreditam em milagres aumentou de 32 % em 1991 para 42 % em 2008. Para Martin, trata-se de uma “grande mudança cultural”.

O que mudou para que as pessoas estejam experimentando esse “despertar” para a questão dos milagres, sejam eles atribuídos a Deus ou não? Uma das possíveis respostas levantadas pela pesquisa seria o sucesso de uma série de programas populares de televisão com temáticas espirituais, incluindo anjos, e livros de sucesso como a série “Deixados para Trás”.

O sociólogo Kevin Dougherty da conceituada Baylor University faz uma análise dos dados de uma pesquisa feita pela universidade onde ele trabalha. “Ainda há um profundo interesse nas coisas espirituais… por este ser ou força cósmica que mantém sua relevância na vida dos indivíduos.”

Na Pesquisa Sobre Religião da Baylor (2007), 23 % dos entrevistados disseram já ter testemunhado uma cura física milagrosa e 16 % disseram que receberam uma cura milagrosa.

Nessa pesquisa, três quartos dos entrevistados disseram ter orado a Deus para receber a cura pessoalmente, quase 90% orou para que outra pessoa fosse curada. Dougherty acredita que, embora a sociedade pareça estar em uma “marcha uniforme para o secularismo”, alguns aspectos religiosos não são facilmente abandonados.

 

Fonte: Portal Fiel

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