Pages

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Artigo: Pentecostalismo

Herdeiro do protestantismo, o pentecostalismo distingue-se dele em alguns pontos. Um dos principais é a questão da contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, é hoje o movimento que mais influencia as manifestações de religiosidade em muitas partes do mundo.
Tradicionalmente reconhece-se o começo do movimento pentecostal como tendo início no ano de 1906 em Los Angeles nos Estados Unidos na Rua Azusa, onde houve um grande avivamento caracterizado principalmente pelo “batismo com o Espírito Santo”. Mas a verdade é que o pentecostalismo começou a tomar forma a partir de 1739 dentro da Igreja Metodista, cujo fundador foi John Wesley.
Partindo da constatação de que os metodistas estavam se afastando dos ensinamentos do seu fundador, surgiu no século XIX, o movimento chamado “Holiness” (Santidade), que visava reavivar a fé de seus membros. Ensinava que, para a salvação, era necessária a conversão e, em seguida, uma nova e mais profunda experiência religiosa: O “batismo no Espírito Santo”.
O Pastor Charles Parham, nos Estados Unidos, foi quem mais aceitou as idéias do Holiness, e as ensinou na sua escola de estudos bíblicos em Topeka, Kansas. Os alunos, que concordavam com essas idéias, acreditavam ter recebido o Espírito Santo e sentiam-se guiados em suas vidas pelo mesmo Espírito.
Surgiram assim comunidades de pessoas que aspiravam a esses dons do Espírito e que, sem pretender fundar uma nova denominação religiosa, desejavam levar um pouco de renovação às comunidades metodistas e protestantes em geral.
No início, sua vida não foi fácil. Seu entusiasmo exagerado levantou suspeitas entre as comunidades batistas e metodistas, que acabaram se afastando do movimento. Sentindo-se rejeitadas pelas denominações tradicionais, as novas comunidades acabaram formando um movimento próprio, passando a serem chamadas “pentecostais” pelo fato do ponto central do movimento ser o batismo no Espírito Santo, recebido como um segundo pentecostes.
Alguns aspectos caracterizam o movimento pentecostal e estão presentes em muitas denominações que vieram em seguida:
- A importância dada à revelação direta do Espírito Santo, que consistiria em graças concedidas às pessoas para entenderem as verdades e os mistérios da fé contidos nas Escrituras;
- A prática de batizarem somente adultos;
- A crença numa iminente segunda vinda de Cristo;
- Um rigor moral que proíbe o que pode parecer fútil e mundano, como beber, fumar, dançar, assistir à televisão e, sobretudo para as mulheres, a frivolidade no vestir, no corte dos cabelos, o uso de calças compridas, etc;
- Grande facilidade em interpretar como avisos ou revelações divinas certos acontecimentos da vida;
- Visão das doenças como punições divinas pelo pecado. Não que Deus envie diretamente a doença, mas permite que o diabo a cause como castigo para o crente;
- A busca da cura da doença especialmente pela oração, a ponto de evitarem ir ao médico ou de tomar remédios;
- A freqüente presença de satanás e, como cura, a prática do exorcismo.
Estatísticas recentes dizem que 70% dos protestantes do Brasil pertencem a denominações ligadas ao pentecostalismo e o número de seus adeptos continua crescendo. As explicações desse extraordinário crescimento são complexas, elas podem ser:
• De ordem sociológica
Vivemos numa época de transição, de uma sociedade agrária, tradicional e autoritária, para uma sociedade urbana e, portanto, industrial, moderna e democrática. Para alguns autores, a adesão a uma comunidade pentecostal representaria a recusa dessa urbanização forçada por parte de pessoas que acabam de deixar o campo e se sentem confusas. Elas optariam assim pela segurança que uma religião autoritária, como são as pentecostais em geral, lhes garante.
Um gesto, portanto, de afirmação pessoal, uma escolha democrática contra um sistema tradicional imposto, rígido, como era o estilo de vida da cultura camponesa. Os dois motivos, que tentam explicar uma mesma situação, parecem contraditórios. Talvez o primeiro sirva para explicar a adesão ao pentecostalismo de algumas pessoas, o segundo, de outras.
• De ordem psicológica
Sempre tendo como pano de fundo a urbanização e a vida nas grandes metrópoles que massificam e despersonalizam, essas novas religiões oferecem a possibilidade de viver em comunidades menores, onde as pessoas se conhecem, onde é claro o papel de cada um e onde o senso de pertencer a um grupo é muito forte, o que significa proteção contra o isolamento e ameaças da grande cidade.
Toda pessoa humana precisa de uma comunidade que a escute, lhe dê calor humano e ofereça sustento, especialmente nos momentos de crise.
• De ordem pastoral
As religiões pentecostais valorizam a dimensão religiosa da cultura popular, a sede de Deus que o povo tem. As práticas religiosas do pentecostalismo estão muito enraizadas na cultura popular e em sua maneira de expressar-se religiosamente. Usando uma linguagem popular, verbal como não-verbal, oferecem a todos a possibilidade de realizar uma experiência de Deus particularmente profunda, onde todos podem sentir-se sujeitos e não simples espectadores.
A Igreja católica não teria respondido a essa sede de Deus de muitos de seus membros. Isso por muitos motivos: pela escassez de clero e de agentes de pastorais suficientemente preparados, pela falta de um sentido comunitário na estrutura paroquial, pela frieza e pelo formalismo que se nota freqüentemente na liturgia, pelo pouco ardor missionário de seus membros, por uma formação bíblico-catequética superficial de muitos fiéis, por uma catequese muitas vezes teórica e desatenta à vida de todos os dias.
O fenômeno é complexo e vários são os fatores que podem explicá-lo. Possivelmente, nenhuma das causas acima expostas, isoladamente, consiga explicá-lo de forma suficiente. Ao mesmo tempo, talvez nenhuma dessas mesmas causas seja totalmente alheia ao mesmo fenômeno.
Poderíamos, portanto, dizer que, em proporção diferente e conforme os lugares, todas essas causas juntas oferecem a explicação mais completa sobre o fenômeno do vertiginoso crescimento das seitas pentecostais. (PIME).
Carlos Almeida
Representante Comercial e Bacharel em Teologia, casado, dois filhos, residente no Paraná.

Fonte: Artigos Gospel

Nenhum comentário:

Postar um comentário