Por Hernandes Dias Lopes
Referência: Neemias 11.1-36
INTRODUÇÃO
1. A consolidação da obra feita – A obra de Deus não é feita apenas dos momentos solenes, onde a multidão se reúne para estudar a Palavra, orar e adorar. Essa obra precisa ser consolidada no dia a dia. Sem uma base forte, todo o mais entra em colapso.
2. A permanência da obra realizada – A restauração não é uma coisa fácil: Os muros tinham sido levantados. As portas estabelecidas. Os inimigos vencidos. A justiça social restabelecida. Um despertamento espiritual iniciado. Uma aliança com Deus havia sido feita. Mas, e agora? Quando acabar a festa da celebração, na rotina do dia a dia, o que fazer para garantir a permanência dessa obra?
3. Pessoas são mais importantes do que estrutura – A cidade foi reconstruída, mas onde está o povo? A reforma foi feita, mas onde colocar as pessoas? Jerusalém foi arrancada dos escombros, mas o que faz a cidade é o povo e não as pedras? Jerusalém não pode ser um elefante branco. As pessoas são mais importantes do que estrutura física. Como povoar a cidade de Jerusalém? Como ocupar o país que fora desolado? Como recomeçar depois de tantos anos de cativeiro?
I. POR QUE É IMPORTANTE POVOAR A CIDADE DE DEUS?
1. Porque Jerusalém é a cidade que Deus escolheu para ali colocar o seu nome
Jerusalém é a cidade santa:
1) Porque Deus habita nela;
2) Porque ela se separou para Deus;
3) Porque ela conhece a vontade de Deus;
4) Porque ela é comissionada por Deus para ser luz para as nações;
Aquele povo tinha consciência de suas raízes e onde deveriam se estabelecer. Eles eram o povo escolhido de Deus, uma nação de sacerdotes.
O futuro de Israel estava agora em suas mãos. A semente santa deveria toda ter escolhido morar lá, mas ao contrário, eles declinaram.
a) Porque havia exigências mais rígidas – Jerusalém é a cidade do grande Rei, é a cidade de Deus, um símbolo da igreja. A igreja é a Nova Jerusalém. Aqueles que não querem ser santos sentem-se desconfortáveis de habitar na cidade de Deus. Os perversos não prevalecerão na congregação dos justos.
b) Porque Jerusalém era o lugar mais visado e odiado pelos gentios – Morar em Jerusalém era “perigoso”. Seus vizinhos sempre procuravam atacar a cidade. As pessoas se acovardam, não querem se expor. Têm medo de perseguição. Medo de perseguição manteve muitos fora da cidade. Eles não atentaram para o fato especial da proteção de Deus (Is 33:20; Sl 46:4-5).
c) Porque morar fora de Jerusalém era materialmente mais vantajoso – A cidade estava debilitada: o comércio estava fragilizado. Faltava dinheiro. No interior estavam aparentemente mais seguros e poderiam ser mais prósperos.
II. QUAIS FORAM OS MEIOS PARA REPOVOAR A CIDADE DE DEUS?
1. Os líderes deram o exemplo – v. 1
Os líderes morando em Jerusalém era um convite e um encorjamento para os outros. O exemplo vale mais do que leis, ou palavras. Se queremos ver a Cidade de Deus cheia, a liderança tem que estar na frente.
Em Jerusalém estão os tronos da justiça, os tronos da Casa de Davi (Sl 122:5). Dela emana a lei de Deus. Calvino disse que o púlpito é o trono de onde Deus governa o seu povo.
Jerusalém é um símbolo da igreja.
2. Alguns se ofereceram voluntariamente para habitar Jerusalém – v. 2
Eles abriram mão de vantagens pessoais pelo bem da coletividade. Eles têm abnegação e visão do Reino de Deus. Não buscam apenas seu bem pessoal. Têm consciência de que são um corpo. Eles buscam Jerusalém porque lá está a Casa de Deus. Eles entendem que comunhão com Deus é mais importante do que prosperidade. A piedade com contentamento é grande fonte de lucro. Exemplo: Ló arma suas tendas para as bandas de Sodoma.
Esses vieram por amor e por dever. Vieram por patriotismo. Por isso são benditos. Eles renunciam suas vantagens, segurança, prosperidade. Jerusalém era alvo de complôs e ataques dos inimigos.
3. Alguns vieram porque foram chamados irresistivelmente pelo lançamento de sortes – v. 1b
A cidade estava reconstruída, mas estava vazia (Ne 7:4). A cidade tinha que ser habitada por judeus genuínos. Tinham estrutura, mas não tinha gente. Havia muito espaço vazio. É assim na igreja. Deus tem muito povo nesta cidade.
Temos muitos bancos vazios. Precisamos sair pelas ruas da cidade e encher a Casa do Senhor. Ainda há lugar!
O lançar de sortes mostra sua submissão à vontade do Senhor (Pv 16:33).
III. QUEM FEZ PARTE DO REPOVOAMENTO DA CIDADE DE DEUS?
1. O remanescente fiel
Nem todos os de Israel são de fato Israelitas. Nem todas as tribos foram congregadas e nem todas as pessoas das duas tribos remanescentes vieram para repovoar o país e a cidade de Jerusalém.
As dez tribos do Norte foram levadas cativas pela Assíria não mais voltaram. Os que ficaram se misturam com outros povos, tornando-se um povo misto, chamado Samaritanos. Esses fizeram oposição à obra de Deus.
Mas, das 12 tribos, duas tornaram-se o remanescente. Aqui está a linhagem de Davi. Aqui está a linhagem do Messias. Deus nunca deixou de preservar o seu povo. O remanescente jamais será destruído. Com essas duas tribos: Benjamim e Judá, o povo da promessa prosseguiu até a vinda do Messias.
2. O povo conduzido por sua liderança
Os líderes estão à frente na aliança e agora no repovoamento(v. 3-4a).
A população não era uma massa amorfa, mas, sim, uma sociedade ordenada, conforme era apropriado para o povo da “cidade santa” (v. 1,13).
O povo sempre está disposto a seguir seus líderes quando esses tomam a decisão da andar com Deus.
Neemias adota um sistema de governo descentralizado, mesmo na contra-mão de todo modelo vigente naquela época.
O povo está sendo desafiado a resgatar sua credibilidade diante de Deus e dos homens. Há aqui um princípio básico: o sentimento do pertencimento. Cada um se sente parte do todo. Exemplo: a necessidade de existir esse mesmo sentimento na igreja: pertencimento, entrosamento na igreja.
a) As famílias de Judá (v. 4b-6) – Judá é uma tribo grande, enquanto Benjamim é uma tribo pequena. Essas pessoas aqui eram cabeças de famílias. Elas representavam seus descendentes. Eles estão dando rumo espiritual aos seus filhos. Embora os de Judá fossem menos em número (468) v. 6, eles eram mais valentes, preparados para a obra e mais hábeis para proteger a cidade em caso de ataque. Exemplo: Precisamos não apenas morar na cidade, mas protegê-la.
b) As famílias de Benjamim (v. 7-9) – Os benjamitas eram conhecidos por sua bravura selvagem e coragem na guerra (Gn 49:27; 1 Cr 8:40). Cada homem tem jurisdição sobre o seu próprio grupo. Esses nomes mencionados são cabeças de famílias.
3. Os obreiros da Casa de Deus
O culto é o centro da vida do povo de Deus. O fim principal da nossa vidsa é glorificar a Deus. O culto é o centro da nossa vida.
Há um destaque especial a algumas categorias no povoamento da cidade de Deus:
3.1. Os Sacerdotes (v. 10-14)
Eles ensinam a lei. Eles oram pelo povo. Eles representam o povo diante de Deus. A Palavra de Deus precisa ser proclamada. Jerusalém não pode ficar sem os sacerdotes.
O templo, o culto tem um lugar central na vida do povo de Deus. Os sacerdotes precisavam ter dedicação exclusiva para o trabalho do Senhor (At 6:4).
3.2. Os Levitas (v. 15-18)
Muito do trabalho dos levitas era ensinar a Palavra de Deus em todo o território, por isso, eles foram espalhados por todo o território de Israel (v. 1). É preciso trabalhar em Jerusalém e também fora dela (v. 16; At 1:8).
Eles cuidavam de todos so aspectos da Casa de Deus. Eles recolhiam os dízimos. Eles repartiam os dízimos. Eles eram os diáconos do templo.
Aqueles que cuidam do sustento da obra de Deus são tão importantes e necessários, como aqueles que estão na linha de frente, através da oração e do ministério da Palavra (At 6:4). Uns descem, outros seguram a corda.
3.3. Os Porteiros (v. 19)
Eles têm a incumbência de guardar a cidade, de vigiar a cidade. Havia o perigo de comércio no dia do Senhor. Havia o perigo de invasão dos inimigos. Veja Atos 20:29-30. Precisamos vigiar para que o lobo não entre e para que o diabo não semeie o seu joio no meio do trigal de Deus.
3.4. Os Servidores do Templo (v. 21)
Eles eram encaregados de serviços gerais. No corpo há diferentes membros. Todos têm dons e ministérios. Exemplo: a limpesa da Casa de Deus.
3.5. Os Cantores (v. 22)
A música sempre foi muito valorizada pelo povo de Deus. Os cantores faziam parte dos levitas. Eles tinham dedicação exclusiva nesse ministério. O louvor é algo importante.
Os cantores tinham um bom ouvido e uma boa voz. Eles eram escolhidos para conduzir os Salmos. Eram os condutores do culto. Gente especializada.
A música na Bíblia tem lugar fundamental (Sl 40:3; Ef 5:19-20; Ap 4-5).
A música na história da igreja: Reforma e Igreja contemporânea.
IV. COMO DEVE SER O REPOVOAMENTO DA CIDADE DE DEUS?
1. O repovoamento de Jerusalém não pode ser concentrador – v. 25-36
O crescimento de Jerusalém precisa passar por uma questão de equilíbrio. Pode existir dois extremos: O primeiro, é não querer estar em Jerusalém; o segundo, é querer só estar em Jerusalém.
O crescimento não pode apenar concentrador. Primeiro se fortalece a base, mas depois é preciso habitar todo o território (Js 13:1). O crescimento de Jerusalém não pode ser em detrimento de todo o território de Israel.
a) Os lugares onde se estabeleceram a tribo de Judá – v. 25-30.
b) Os lugares onde se estabeleceram a tribo de Benjamim – v. 31-35.
c) A transferência de levitas de Judá para Benjamim – v. 36.
2. O repovoamento de Jerusalém precisa ser feito com dependência de Deus e planejamento humano
a) Existe cuidado com a cidade, com o templo e com o culto;
b) Existe o princípio da liderança;
c) Existe a preocupação com a segurança da cidade;
d) Existe planejamento para o repovoamento da cidade e da nação;
e) Existe o cuidado com a fiscalização (v. 24) – O próprio rei persa estabeleceu uma pessoa para julgar e deliberar entre homem e homem, entre príncipes e o povo. Petaías deve ser uma espécie de fiscal de renda em Israel (Ne 9:37).
CONCLUSÃO
Este capítulo nos fala sobre a diversidade e unidade do povo de Deus:
1) Diversidade do povo
a) Localidade;
b) Ocupação;
c) Ministérios;
2) Unidade do povo
a) De raça;
b) De fé;
c) De relacionamento;
d) De propósito;
3) Deveres decorrentes dessa diversidade e unidade
a) Contentamento de cada um em sua posição;
b) Mútua estima e afeição;
c) Mútua ajuda;
d) Ação conjunta.
Fonte: Portal Guia-me
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