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quinta-feira, 13 de março de 2014

Brasileiro doa mais a pedinte e igreja do que a organizações

A pesquisa, que ouviu mais de mil pessoas em 70 cidades, concluiu que o hábito de doar, seja tempo ou recursos, não faz parte da cultura do brasileiro.

De um modo geral, os brasileiros não se sentem estimulados à doação e ao voluntariado. Esse é um dos resultados da pesquisa Retrato da Doação no Brasil, do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e da Ipsos Public Affaris. O estudo traça o perfil do brasileiro em relação às doações e causas sociais.

O levantamento realizado em três etapas e que ouviu mil pessoas em cada fase em 70 cidades do Brasil, sendo nove regiões metropolitanas, concluiu que o hábito de doar, seja tempo ou recursos, não faz parte da cultura do brasileiro. Exemplo disso é que 73% não se sentem estimulados pelo seu círculo de convivência (família, comunidade, escola e trabalho) a realizar doações ou trabalho voluntário.

Em relação à doação em dinheiro, poucos brasileiros tiram a mão do bolso, mas quando o fazem destinam as doações para pedintes (30%), para igrejas (30%) e, em terceiro lugar, para organizações da sociedade civil (14%). “O aumento da renda média da população não parece estar refletida no percentual da população que doa. Um dos motivos que podem explicar essa tendência é a percepção do brasileiro de que o governo está preenchendo essa lacuna, com políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família”, afirma Paula Jancso Fabiani, diretora-executiva do Idis.

Os brasileiros da região Nordeste são os mais sensíveis a doar para pedintes, enquanto os da região Norte e Centro-Oeste doam mais para organizações da sociedade civil e igrejas quando comparados com os das outras regiões. Do total de doações, as classes C, D e E doaram mais para pedintes de rua e para a igreja em comparação as classes A e B, que doam em proporção maior para organizações.

Em relação às causas que inspiram os brasileiros a doar, crianças estão em primeiro lugar (33%), seguidas de idosos (18%), saúde (17%) e educação (7%). Outro ponto é o motivo para poucos brasileiros doarem. Do total de entrevistados, 58% informaram que não têm dinheiro, enquanto 18% afirmaram que não doaram porque ninguém solicitou e 12% porque não confiam nas organizações.

A pesquisa também descobriu que 85% dos entrevistados não recebeu nenhum pedido de doação provenientes de organizações nos últimos 12 meses. “Números indicam que também falta a ‘cultura de pedir’ por parte de quem precisa dos recursos. Esse resultado reforça a percepção de que há muito espaço para o crescimento das doações”, diz Paula.

Em relação aos mecanismos de doações dedutíveis do Imposto de Renda, o desconhecimento dos brasileiros é grande – 84% disseram não conhecê-los. Esse percentual indica o potencial de crescimento para doações realizadas via incentivos fiscais.

“Atualmente a dedução praticamente só pode ser realizada quando a doação é para projetos via leis de incentivos ou Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. O ideal é que haja a ampliação do incentivo fiscal para dar liberdade para o doador beneficiar diretamente as organizações da sociedade civil”, completa a diretora.
Fonte: Folha Gospel

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