País
aprovado, organização nem tanto. Ouvidos pela BBC Brasil, turistas estrangeiros
que vieram ao Brasil para a Copa das Confederações elogiaram o calor da
acolhida pelo povo brasileiro, mas reclamaram do reduzido número de brasileiros
que dominam o inglês, da segurança no país e da falta de informações para os
visitantes.
"O
sistema de transporte funcionou bem, mas é bem difícil encontrar alguém que
fale a nossa língua", disse o estudante britânico Jack Carbutt, de 19
anos, ao chegar ao estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, antes da final deste
domingo.
Após viajar
pelo país por seis semanas, Carbutt disse sair do país com uma imagem positiva
do Brasil e afirma que recomendaria a outros turistas que venham para a Copa do
Mundo no ano que vem, apesar de ter sofrido com a falta de segurança. "Em
Natal, roubaram meu passaporte e o celular e o cartão de crédito do meu amigo",
contou.
Ele se
disse também assustado com a segurança montada em torno dos estádios para
evitar que os protestos populares chegassem ao local. "Assusta ver tantos
policiais e tantas armas juntas. Nunca veríamos isso na Grã-Bretanha",
disse ele.
A
dificuldade em encontrar quem falasse inglês também foi a queixa do diplomata
japonês Satoshi Endo, de 44 anos, que esteve no estádio Mané Garrincha, em
Brasília, para assistir ao confronto entre Brasil e Japão na abertura da
competição, no dia 15.
"Para
quem não fala português, é difícil se virar", disse. "Acredito que a
organização ainda precisa melhorar para a Copa", disse.
O
publicitário Hiroki Takahashi, de 41 anos, que também esteve na mesma partida,
disse ter achado o país mais seguro do que imaginava. Morador de Tóquio, ele
diz já pensar em voltar para a Copa do Mundo no ano que vem. "Os
brasileiros gostam bastante dos japoneses, nos sentimos em casa", afirmou.
'NÃO
VOLTAREI'
O mesmo
elogio pela acolhida calorosa foi feito pelo comerciante mexicano Amancio
Vilchis, de 51 anos. "As pessoas são muito amáveis, mas a organização está
deixando a desejar", afirmou, quando se dirigia ao estádio do Castelão, em
Fortaleza, para a partida entre a seleção de seu país e a brasileira, no dia
19.
Ele contou
ter esperado várias horas em uma fila no aeroporto do Galeão, no Rio de
Janeiro, para retirar seus ingressos para os jogos. Além disso, disse ter
perdido seu voo do Rio para Fortaleza por falta de informações no aeroporto.
"Não
creio que voltarei para a Copa do Mundo no ano que vem", afirmou Vilchis,
que esteve também no último mundial, em 2010, na África do Sul. "Lá também
houve problemas de organização, acho que no Brasil vai acontecer a mesma
coisa", disse.
O também
mexicano Alfonso Torres, de 67 anos, que viu três partidas da Copa das
Confederações em Belo Horizonte e duas no Rio de Janeiro, disse ter se
decepcionado com a falta de organização e os problemas que enfrentou.
Entre os
problemas citados por ele está a falta de táxis para deixar o Mineirão após a
partida da última quarta-feira, entre Brasil e Uruguai, o que o levou a
caminhar por mais de uma hora após a partida para tentar encontrar um veículo
que o levasse de volta ao seu hotel, no centro de Belo Horizonte.
"Pensava
em voltar no ano que vem para a Copa do Mundo, mas saí muito
decepcionado", disse.
As opiniões
ouvidas pela BBC Brasil condizem com os resultados preliminares de uma pesquisa
preparada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a pedido do
Ministério do Turismo.
Segundo as
entrevistas já tabuladas pela pesquisa, que ouviu torcedores nos estádios e
também turistas nos aeroportos das cidades-sede, 95,3% dizem aprovar os
estádios de um modo geral, mas apenas 61,5% aprovam os transportes para o
estádio.
No quesito
do atendimento ao turista, 91,5% dos entrevistados disseram aprovar os
restaurantes e 86,2% aprovaram a vida noturna nas cidades-sede, mas apenas
56,6% avaliaram positivamente o atendimento em seu idioma.
MANIFESTAÇÕES
As
manifestações populares que marcaram as duas semanas de disputa da Copa das
Confederações não foram um problema para a maioria dos turistas consultados
pela BBC Brasil.
Os irmãos
espanhois Jesús e Alberto de Juan Blanco, de 48 e 39 anos, respectivamente,
contaram ter ficado inicialmente com temor sobre os protestos, mas disseram que
decidiram vir especialmente da Espanha para ver a final no Maracanã.
"A
situação está mais tranquila do que parecia antes. De qualquer maneira, viemos
cedo para chegar ao estádio antes dos manifestantes", disse Jesús,
aproveitando para tirar fotos com o irmão e amigos em frente a um
"caveirão" da Polícia Militar - o temido veículo blindado usado em
operações especiais, principalmente nos morros onde estão comunidades pobres.
A
empresária colombiana Rosa Maria Rincón, de 44 anos, que foi ao Maracanã com
oito integrantes da família para assistir à partida entre Brasil e Espanha,
também disse ter se surpreendido positivamente ao chegar ao país.
"Estávamos
um pouco assustados com as notícias que tínhamos sobre as manifestações, mas
tudo parece muito tranquilo", disse ela, que chegou ao Rio de Janeiro no
sábado, de férias, e aproveitou para assistir a final da Copa das
Confederações.
Fonte:
Folha.com
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