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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Humor Gospel? Humoristas cristãos da internet afirmam: “a melhor maneira de lidar com tempos difíceis é com fé e humor”


O crescimento do meio evangélico e o maior acesso às tecnologias digitais por parte da população em geral, tem feito surgir humoristas cristãos na internet que constroem suas piadas com base no cotidiano das igrejas.Visite: Gospel +, Noticias Gospel, Videos Gospel, Musica Gospel

O humor não é algo estranho à Bíblia, e muitos teólogos interpretam certas passagens como demonstrações sutis de bom humor, oferecendo à narrativa, contornos um pouco menos sisudos. Como exemplo, é possível citar Sara, que ao dar à luz Isaque, demonstrou alegria: “Deus me encheu de riso, e todos os que souberem disso rirão comigo – Gênesis 21:6 (Nova Versão Internacional)”.

O humor gospel está nos principais serviços de criação de conteúdo da internet como blogs, Youtube, Tumblr, Facebook e Twitter e por isso a Redação do Gospel+ entrevistou alguns dos principais humoristas cristãos de cada um desses serviços para tentar entender o crescimento desse meio e o sucesso de público e algumas vezes de críticas também.

Qual a inspiração?


A sacada das piadas é uma das peculiaridades, e há quem diga, que a melhor piada é aquela baseada num fato: “As inspirações vem do cotidiano, coisas que acontecem no dia a dia através de experiências minhas ou historias contadas por amigos”, revela Marjoly Danielle, responsável pelo Tumblr Como eu me sinto no culto quando…

Leandro Souza, humorista e twitteiro do famoso perfil @Na_Igreja acredita que estar antenado em tudo que diz respeito ao ambiente ajuda na formulação das piadas: “Tem que estar atualizado no que está acontecendo no momento, nas noticias, nas polêmicas, nos esportes e principalmente no meio cristão, e daí vão surgindo as ideias desenvolvemos os posts em cima de muitas passagens bíblicas conhecidas ou assuntos atuais relacionados ao tema”.

Humor cristão tem limites?


É consenso entre os entrevistados que o humor deve ter limites, apesar de o povo brasileiro ser, em geral, piadista: “O humor não deveria ter. Mas estamos falando de cristãos, pessoas que querem ser iguais a Cristo. E por isso, deve ter sim. Não deve ofender ninguém, não deve fazer o outro pecar, afinal, somos cristãos e isso é errado. Sei dos meus limites, mas não sei o limite dos leitores. Já excluí postagens porque se sentiram ofendidos, e acho eu que como cristão, não deveria continuar com aquilo. Mas o politicamente correto está estragando o humor”, contemporiza Thiago Matso, responsável pelo blog Profetirando.

Jonathan Nemer, humorista que trabalha com vídeos no Youtube, afirma que os limites do chamado humor cristão estão na fronteira do que faz parte do cotidiano evangélico: “Costumo dizer que meus vídeos, o estilo de humor que faço é Censura Livre. Chamo de ‘Humor Gospel’ porque tem 2 características. A 1ª, é brincar com algo nosso, nossas músicas, nossos vocabulários, nossas manias… A 2ª, é algo que não tenha nada vulgar, indecente, que tenha conotação sexual, ou ofensiva. Creio que o limite é esse. Se passar disso, ainda é humor, mas não é cristão”, pontua.

Críticas


Mesmo o povo brasileiro sendo conhecido pelo bom humor, muitos assuntos ligados à fé acabam se tornando tabu e motivo de crítica por parte dos próprios evangélicos. Fabricio Falco revela que recebe “incontáveis” críticas por suas piadas, feitas em tirinhas com memes no Facebook: “Todos os dias tem gente reclamando, dizendo que estou blasfemando contra o Espírito Santo, mas como sei que todas as piadinhas são baseadas no cotidiano ‘igrejal’, digo, fatos reais de pessoas. É comportamento humano, não me preocupo muito. No começo ficava triste por alguns não entenderem as piadinhas, mas percebi com o tempo que a leitura pessoal faz muita diferença no entendimento de cada piada, fora as regiões do Brasil, níveis espirituais e seus estilos de igreja, isso é para alguns um desabafo, para outros é uma heresia”, observa o responsável pelo famoso perfil Coisa de Crente, no Facebook.

Thiago Matso revela que quando começou com seu blog de humor, era muito criticado, mas que após influenciar outros, as críticas são menores agora: “Ainda rola, mas diminuiu muito, construí um público e eles me entendem agora. Os que criticam, falam que faço heresias, que faço apologia ao ateísmo, que vou pro inferno por causa das piadas. Mas nem ligo”, explica.

Piada x Consequências


A maioria dos entrevistados afirmaram que já viram situações que num primeiro momento pensaram em fazer piada, mas depois desistiram. Entre os que não desistiram de piadas, a blogueira Marjolly revelou que “ainda não” se sentiu obrigada a abortar um post por medo que a repercussão se tornasse negativa.

Fabricio Falco revela que uma das “várias” piadas que desistiu de fazer tem ligação com um fato recente e polêmico: “Eu ia fazer uma piadinha sobre o twitt da Sarah Sheeva que ela havia escrito ‘em línguas’ no Twitter, mas como ela tem o carisma do povo não quero levar chumbo. Sempre que penso em associar piada a uma pessoa eu penso duas vezes antes de fazer… Mas já ouve casos de eu tirar coisa fora do ar e me limitar à minha risada solo (risos)”, revela.

No caminho oposto, Leandro Souza afirma que “nunca” pensou em desistir de uma piada: “Não vou deixar de dar opinião do que penso por medo ou por repercussão, só tenho cuidado para não ofender e ferir os conceitos éticos de cada um”, pontua.

Entretenimento ou Ferramenta?


Em vários contextos o humor pode ser usado como forma de exercer críticas, formação de opinião, ou apenas entretenimento, e no meio cristão, não é diferente. Jonathan Nemer afirma que em seu trabalho, o humor é basicamente entretenimento: “Sinceramente, apesar de muitas pessoas dizerem que esse é um Ministério que tenho, não começou dessa forma. Meus primeiros vídeos de humor foram puramente pra entretenimento, brincar, rir”, afirma, lembrando que boa parte das piadas são baseadas no comportamento do evangélico. “Hoje já vejo que mesmo brincando, rindo, estamos tratando de coisas muito sérias, que talvez olhando superficialmente não podemos compreender. As paródias que faço fala bastante das atitudes dos cristãos. Uso músicas conhecidas, que o povo todo conhece, para brincar e também refletir as atitudes do cristão”. Nemer afirma ainda que muitos clipes de paródia das músicas gospel que faz são baseados no ponto de vista de pessoas que não conhecem o cotidiano, “como a pessoa que não é crente, entenderia essa música? Exemplos disso é o clipe da música ‘Sabor de Mel’ e ‘Faz descer o Nardo’. Amo essas músicas, mas acho engraçado quando imagino uma pessoa que não é crente visualizando os fatos da letra dessa música. O entretenimento fica em primeiro plano, para todos. A reflexão fica em segundo plano, para alguns”, teoriza.

Marjolly afirma que o humor “pode ser usado como forma de protesto também, pode trazer mudanças” mas de maneira mais pacífica, menos tensa segundo ela. Leandro Souza, do @Na_Igreja segue a mesma linha: “Humor é a esperança. Igrejas estão conscientes de que mais do que alguns de seus membros estão sofrendo por causa dos tempos difíceis – de perdas de empregos, perdas de ações, dívidas e parentes… Seja qual for a causa, a melhor maneira de lidar com tempos difíceis é com fé e humor”, pontua o humorista, que contextualiza seu argumento: “A Grande Depressão da década de 1930 deu origem a muitos dos maiores comediantes americanos e humoristas, e muitos deles eram crentes fervorosos, tanto cristãos e judeus. As pessoas estavam com fome de humor. Então, Deus levantou um bando de comediantes e humoristas americanos que mantiveram [as pessoas] rindo e trouxe ânimo e esperança através dos tempos difíceis. Acredito sinceramente que em tempos difíceis igrejas são chamadas não só para ajudar as pessoas em suas lutas, mas também para elevar o espírito de fé e de bom humor”.

O criador do @Na_Igreja ainda cita uma passagem bíblica pouco usual para incentivar a busca pelo bom humor: “A alegria do coração transparece no rosto, mas o coração angustiado oprime o espírito. -Provérbios 15:13”.

Humor Construtivo


As críticas feitas pelo humor podem contribuir para o crescimento social e eclesiástico, na visão de Jonathan Nemer: “Um dos segmentos do humor é esse. Crítica aos problemas sociais. Sempre foi assim com os pioneiros do humor em nosso país: Chico Anísio, Jô Soares, Carlos Alberto de Nóbrega, dentre outros. No nosso meio é algo novo, mas também tem esse condão de fazer uma autocrítica”.

Thiago Matso segue a mesma linha e aprofunda o propósito do humor feito em seu blog: “Uso o meu blog para advertir os jovens que acessam e vivem na internet. É humor, entretenimento, mas se não for feito com o propósito de levantar a bandeira do Evangelho, não tem validade de nada! Muitos usam de seus textos, outros de suas músicas, outros dos meios midiáticos. Nós usamos a internet! Um meio grátis, rápido e muito fácil de ser usado”, explica, teorizando a respeito das críticas que podem ser feitas através do humor.

Abrangência


A audiência dos humoristas cristãos extrapola o ambiente evangélico. Matso afirma que em sua fanpage no Facebook, “muitos são ateus, católicos, espíritas”, e revela que esse público espera mais bom humor dos evangélicos: “Tenho amigos que me conhecem pessoalmente e são ateus e elogiam. Falam que se todo crente fosse legal e bem humorado como eu, eles até poderia querer conhecer este Deus que falamos”.

Dentre os que acompanham o trabalho de Jonathan Nemer, os não cristãos – segundo ele – nunca o criticaram. O humorista levanta hipóteses para essa receptividade: “Até hoje nunca teve uma pessoa não cristã que criticou. Mas tenho consciência que o elogio dos não cristãos pode ter duas explicações: 1-) Por serem não cristãos, estão acostumados a ver humor sobre tudo e sobre todos sem limite no mundo, então veem o humor cristão como algo saudável, leve e válido. 2-) Por serem não cristãos, estão achando graça nos absurdos dos ‘crentes’. Dão risada, mas não pelo humor, mas não ridicularizando”.

Fonte: Gospel +

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