Bispo,
padre, pastores e estudiosos desaprovam candidatos que usam o nome de Deus
durante a campanha eleitoral para tentar ganhar a simpatia e os votos dos
membros de igrejas.
Durante discursos políticos dos candidatos em anos eleitorais, citar Deus ou se mostrar membro de alguma corrente religiosa virou praticamente regra para conquistar a simpatia do eleitorado durante as campanhas políticas. Neste ano, os candidatos ao cargo de prefeito revelam ser ou pelo menos tentam passar a imagem de cristãos em busca de votos.
Para o bispo auxiliar de Manaus, Mário Pasqualotto, a mensagem cristã deve ir além do discurso político e nem sempre reflete o caráter dos candidatos. “Não sei o que se passa na consciência destes políticos, mas a religião não deve ser pretexto para se escolher este ou aquele candidato. Antes de se mostrar religioso, o candidato deve manter uma história ilibada. Às vezes, as ações que os candidatos fazem quando eleitos não têm nada a ver com valores cristãos”, frisou Pasqualotto.
Outro crítico do uso da religião em discursos políticos é o Frei Fulgêncio Monacelli, pároco da Igreja de São Francisco, no Centro de Manaus. “Não vejo sinceridade em muitos candidatos que citam sua religiosidade na política. Para mim, é uma situação ocasional”, avalia o frei. “Hoje tem até partido que se diz cristão, mas não sabe nem de qual igreja. Apelam para todas visando ganhar votos”, citou Monacelli.
Atuando como pastor de uma denominação evangélica, o teólogo Edvaldo Barrozo disse acreditar que Deus pode colocar uma pessoa no meio político, porém, critica o uso do nome de Deus como trampolim político. “Deve-se verificar se o discurso religioso faz parte da vida dele ou se é apenas meio de angariar votos. Será que este discurso expressa realmente a vida do candidato quando ele está na casa dele, na igreja ou na comunidade? Não é só falar o nome de Deus, mas viver ele a cada momento de sua vida”, avaliou Barrozo.
O professor do curso de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, José Alcimar de Oliveira é taxativo quanto à citação de Deus pelos políticos. “É uma forma de apelar ao povo a partir de uma vertente muito forte da sociedade: a religiosa. Eu acredito que religiosidade, tão pregada pelos políticos, não deve ser dissociada do aspecto ético”, afirmou o professor, que é ex-padre.
Há quem veja com naturalidade e até incentive a citação de Deus em discursos políticos. É o caso do vice-presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam), o pastor Sadi Rodrigues Caldas. “Na história e na Bíblia tem muitos casos de religiosos que se envolveram na política para prestar serviço à comunidade e representar os valores cristãos no meio político”, defendeu Caldas.
Proposta
Candidato à Prefeitura de Manaus que afirma se identificar com os religiosos, Sabino Castelo Branco (PTB) defende a criação de uma secretaria de assuntos religiosos. O candidato argumenta ser necessária uma secretaria para ajudar as denominações religiosas que fazem trabalhos sociais. “Desta secretaria eu não abro mão”, reiterou Sabino.
Para o doutor em Comunicação e professor da Ufam, Gilson Monteiro, o uso dos valores religiosos com fins político ameaça as eleições. “É um acinte à democracia”, ressaltou. “Infelizmente os eleitores não distinguem quando os candidatos estão sendo sinceros ou não. Diante disto, os pastores indicam quem bem entendem para concorrer às eleições com o discurso de que é o escolhido de Deus”.
O sociólogo Carlos Santiago avalia que o poder da religião e das igrejas deve ser levado em conta pelos candidatos durante a campanha política. “Na última eleição presidencial, a candidata Dilma teve que publicar uma carta se comprometendo a não apoiar propostas contrárias aos valores cristãos”, ressaltou.
Em sua obra máxima, ‘O Príncipe’, o escritor italiano Maquiavel afirma que o príncipe (político) deve “parecer, vendo-o e ouvindo-o, repleto de clemência, de lealdade, de ingridade, de humanidade, de religião. E não há coisa mais necessária de se ter do que essa última qualidade”.
Durante discursos políticos dos candidatos em anos eleitorais, citar Deus ou se mostrar membro de alguma corrente religiosa virou praticamente regra para conquistar a simpatia do eleitorado durante as campanhas políticas. Neste ano, os candidatos ao cargo de prefeito revelam ser ou pelo menos tentam passar a imagem de cristãos em busca de votos.
Para o bispo auxiliar de Manaus, Mário Pasqualotto, a mensagem cristã deve ir além do discurso político e nem sempre reflete o caráter dos candidatos. “Não sei o que se passa na consciência destes políticos, mas a religião não deve ser pretexto para se escolher este ou aquele candidato. Antes de se mostrar religioso, o candidato deve manter uma história ilibada. Às vezes, as ações que os candidatos fazem quando eleitos não têm nada a ver com valores cristãos”, frisou Pasqualotto.
Outro crítico do uso da religião em discursos políticos é o Frei Fulgêncio Monacelli, pároco da Igreja de São Francisco, no Centro de Manaus. “Não vejo sinceridade em muitos candidatos que citam sua religiosidade na política. Para mim, é uma situação ocasional”, avalia o frei. “Hoje tem até partido que se diz cristão, mas não sabe nem de qual igreja. Apelam para todas visando ganhar votos”, citou Monacelli.
Atuando como pastor de uma denominação evangélica, o teólogo Edvaldo Barrozo disse acreditar que Deus pode colocar uma pessoa no meio político, porém, critica o uso do nome de Deus como trampolim político. “Deve-se verificar se o discurso religioso faz parte da vida dele ou se é apenas meio de angariar votos. Será que este discurso expressa realmente a vida do candidato quando ele está na casa dele, na igreja ou na comunidade? Não é só falar o nome de Deus, mas viver ele a cada momento de sua vida”, avaliou Barrozo.
O professor do curso de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, José Alcimar de Oliveira é taxativo quanto à citação de Deus pelos políticos. “É uma forma de apelar ao povo a partir de uma vertente muito forte da sociedade: a religiosa. Eu acredito que religiosidade, tão pregada pelos políticos, não deve ser dissociada do aspecto ético”, afirmou o professor, que é ex-padre.
Há quem veja com naturalidade e até incentive a citação de Deus em discursos políticos. É o caso do vice-presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam), o pastor Sadi Rodrigues Caldas. “Na história e na Bíblia tem muitos casos de religiosos que se envolveram na política para prestar serviço à comunidade e representar os valores cristãos no meio político”, defendeu Caldas.
Proposta
Candidato à Prefeitura de Manaus que afirma se identificar com os religiosos, Sabino Castelo Branco (PTB) defende a criação de uma secretaria de assuntos religiosos. O candidato argumenta ser necessária uma secretaria para ajudar as denominações religiosas que fazem trabalhos sociais. “Desta secretaria eu não abro mão”, reiterou Sabino.
Para o doutor em Comunicação e professor da Ufam, Gilson Monteiro, o uso dos valores religiosos com fins político ameaça as eleições. “É um acinte à democracia”, ressaltou. “Infelizmente os eleitores não distinguem quando os candidatos estão sendo sinceros ou não. Diante disto, os pastores indicam quem bem entendem para concorrer às eleições com o discurso de que é o escolhido de Deus”.
O sociólogo Carlos Santiago avalia que o poder da religião e das igrejas deve ser levado em conta pelos candidatos durante a campanha política. “Na última eleição presidencial, a candidata Dilma teve que publicar uma carta se comprometendo a não apoiar propostas contrárias aos valores cristãos”, ressaltou.
Em sua obra máxima, ‘O Príncipe’, o escritor italiano Maquiavel afirma que o príncipe (político) deve “parecer, vendo-o e ouvindo-o, repleto de clemência, de lealdade, de ingridade, de humanidade, de religião. E não há coisa mais necessária de se ter do que essa última qualidade”.
Fonte: Folha
Gospel
Nenhum comentário:
Postar um comentário