Para quem nunca tinha nem sequer acampado, dormir no deserto representava um desafio. Mas apenas até a chegada ao Captain’s Camp, camping turístico montado no deserto de Wadi Rum. Enfileiradas e protegidas por um paredão rochoso, tendas semelhantes às dos beduínos nos aguardavam. Construídas com um tecido grosso de lã de dromedário, estavam devidamente equipadas com camas, cobertores e edredons. Do lado de fora havia banheiros coletivos, separados por sexo. Nenhuma dificuldade, portanto.
Chegamos à tarde e logo saímos para um passeio de camelo. A paisagem - reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Humanidade - impressiona. Também chamado de Vale da Lua, o deserto guarda planícies arenosas e imensas formações rochosas esculpidas pelo tempo. São paredões que se erguem da areia em contrastes cinematográficos provocados pelos jogos de luzes e sombras. O Monte Um Dami, na foto, é um exemplo.
Outros são os Sete Pilares da Sabedoria. Gigantescas, as esculturas naturais foram batizadas com o mesmo nome do livro do britânico T. E. Lawrence, conhecido como Lawrence da Arábia (1888-1935), que lutou com os árabes contra o domínio do Império Otomano durante a 1.ª Guerra Mundial.
Aliás, grande parte do longa Lawrence da Arábia (1962), com Peter O’Toole no papel principal, foi filmado justamente em Wadi Rum - onde o militar britânico e o rei Faisal mantiveram um quartel-general durante a revolta árabe, em 1917 e 1918.
Festa. Graças à orientação prévia do guia Ibrahim Al-Wahsh, todo o grupo teve o cuidado de comprar, no souk de Amã, trajes típicos. E assim, a caráter, fomos recebidos por dois músicos em um autêntico ambiente beduíno. Vestidos com o dishdasha, túnica branca usada pelos homens, e com o tradicional lenço quadriculado vermelho e branco na cabeça, os beduínos serviram o prato principal, zarb - carne de cordeiro com legumes assada durante três horas em um buraco na areia - , e acompanhamentos como pão fresco, saladas, homus e babaganuche. Animados com o clima e incentivados pelo guia, alguns turistas chegaram a arriscar passos de dabke, dança típica árabe.
Mesmo com toda a animação e disposição dos participantes, a festa tem hora para terminar. Às 23 horas os geradores são desligados, o que não chega a ser má ideia. Assim, no escuro absoluto, o céu salpicado de estrelas fica ainda mais bonito. Uma bela visão antes de se recolher à tenda. A diária no Captain’s Camp (captains-jo.com) custa US$ 50 (R$ 80), com café da manhã.
Adrenalina. Na manhã seguinte, o ritmo tranquilo do passeio de camelo é substituído por acelerados veículos 4X4 (de US$ 21 a US$ 84, ou R$ 33 a R$ 134 por pessoa, dependendo do percurso). Acomodados na carroceria, os visitantes sacolejam e veem passar dunas e paisagens impressionantes.
Se o grupo se animar, os guias fazem até uma parada para uma pelada. E deixam que os próprios turistas concluam, depois de alguns minutos e poucos gols, que aquele não é o lugar mais apropriado para rolar a bola.
Wadi Rum é o lugar mais indicado na Jordânia para turismo de aventura. Trekking, escalada, cavalgada ou passeios panorâmicos em ultraleve e balão (130 dinares jordanianos ou R$ 290 por pessoa) são possíveis no imenso vale, o maior da Jordânia. São opções para desfrutar da beleza natural do lugar - e constatar que o nome do deserto, cuja tradução é "o som do silêncio", foi mesmo muito bem escolhido.
Fonte: Estadão
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