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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Jordânia: Na imensidão, o som do silêncio

Contemplar as planícies arenosas e esculturas naturais é a principal atividade no deserto de Wadi Rum. Seja em tours de camelo ou nos velozes veículos 4X4


Para quem nunca tinha nem sequer acampado, dormir no deserto representava um desafio. Mas apenas até a chegada ao Captain’s Camp, camping turístico montado no deserto de Wadi Rum. Enfileiradas e protegidas por um paredão rochoso, tendas semelhantes às dos beduínos nos aguardavam. Construídas com um tecido grosso de lã de dromedário, estavam devidamente equipadas com camas, cobertores e edredons. Do lado de fora havia banheiros coletivos, separados por sexo. Nenhuma dificuldade, portanto.

Chegamos à tarde e logo saímos para um passeio de camelo. A paisagem - reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Humanidade - impressiona. Também chamado de Vale da Lua, o deserto guarda planícies arenosas e imensas formações rochosas esculpidas pelo tempo. São paredões que se erguem da areia em contrastes cinematográficos provocados pelos jogos de luzes e sombras. O Monte Um Dami, na foto, é um exemplo.

Outros são os Sete Pilares da Sabedoria. Gigantescas, as esculturas naturais foram batizadas com o mesmo nome do livro do britânico T. E. Lawrence, conhecido como Lawrence da Arábia (1888-1935), que lutou com os árabes contra o domínio do Império Otomano durante a 1.ª Guerra Mundial.

Aliás, grande parte do longa Lawrence da Arábia (1962), com Peter O’Toole no papel principal, foi filmado justamente em Wadi Rum - onde o militar britânico e o rei Faisal mantiveram um quartel-general durante a revolta árabe, em 1917 e 1918.

Festa. Graças à orientação prévia do guia Ibrahim Al-Wahsh, todo o grupo teve o cuidado de comprar, no souk de Amã, trajes típicos. E assim, a caráter, fomos recebidos por dois músicos em um autêntico ambiente beduíno. Vestidos com o dishdasha, túnica branca usada pelos homens, e com o tradicional lenço quadriculado vermelho e branco na cabeça, os beduínos serviram o prato principal, zarb - carne de cordeiro com legumes assada durante três horas em um buraco na areia - , e acompanhamentos como pão fresco, saladas, homus e babaganuche. Animados com o clima e incentivados pelo guia, alguns turistas chegaram a arriscar passos de dabke, dança típica árabe.

Mesmo com toda a animação e disposição dos participantes, a festa tem hora para terminar. Às 23 horas os geradores são desligados, o que não chega a ser má ideia. Assim, no escuro absoluto, o céu salpicado de estrelas fica ainda mais bonito. Uma bela visão antes de se recolher à tenda. A diária no Captain’s Camp (captains-jo.com) custa US$ 50 (R$ 80), com café da manhã.

Adrenalina. Na manhã seguinte, o ritmo tranquilo do passeio de camelo é substituído por acelerados veículos 4X4 (de US$ 21 a US$ 84, ou R$ 33 a R$ 134 por pessoa, dependendo do percurso). Acomodados na carroceria, os visitantes sacolejam e veem passar dunas e paisagens impressionantes.

Se o grupo se animar, os guias fazem até uma parada para uma pelada. E deixam que os próprios turistas concluam, depois de alguns minutos e poucos gols, que aquele não é o lugar mais apropriado para rolar a bola.

Wadi Rum é o lugar mais indicado na Jordânia para turismo de aventura. Trekking, escalada, cavalgada ou passeios panorâmicos em ultraleve e balão (130 dinares jordanianos ou R$ 290 por pessoa) são possíveis no imenso vale, o maior da Jordânia. São opções para desfrutar da beleza natural do lugar - e constatar que o nome do deserto, cuja tradução é "o som do silêncio", foi mesmo muito bem escolhido.

Fonte: Estadão

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