Com 180 grandes feiras de negócios, o Brasil recebe quase 50 mil compradores estrangeiros por ano. Estes eventos são a vitrine do País para o mercado externo e movimentam R$ 3,5 bilhões.
São Paulo – Os números relativos às feiras de negócios no Brasil mostram um setor que já é grande, e que deve crescer ainda mais. Em 2012, estes eventos passarão de 180 para 201, com a participação de 50 mil empresas, sendo oito mil estrangeiras, ante as 43 mil registradas em 2011. Anualmente, as feiras recebem 48 mil compradores vindos do exterior, provenientes de 65 países, que além de negócios também movimentam a economia turística do país, se hospedando em bons hotéis e gastando mais do que os turistas que vêm a lazer. Assim, as feiras mostram que são umas das melhores vitrines brasileiras para o mercado externo, além de contribuírem para o turismo no País.
Segundo dados da União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), a receita do setor de feiras de negócios do Brasil é de cerca de R$ 3,5 bilhões por ano, divididos em locação de áreas para as exposições, pagamento de serviços nos pavilhões, além dos custos de viagens, hospedagem, alimentação e compras feitas pelos participantes. Em relação ao público, o deste ano deve chegar a 4,65 milhões de visitantes, número que deve crescer para 5,4 milhões em 2012.
“O Brasil vende muita commodity. Em relação aos produtos industrializados, o Brasil participa muito pouco no mercado mundial. Nesse sentido, as feiras ajudam a promover os produtos do País”, afirma Alfredo Fróes, diretor da Ubrafe. “A indústria calçadista, por exemplo, comercializa de 40% a 50% de sua produção nas feiras”, aponta.
As feiras que mais recebem visitantes são, claramente, as abertas ao público geral, como o Salão do Automóvel e a Bienal do Livro, em São Paulo. Juntos, este dois eventos recebem mais de um milhão de pessoas. Já entre as feiras voltadas exclusivamente a profissionais, as maiores são a Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios (Francal), a Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro (Couromoda) e a Feira Internacional de Embalagens, Processos e Logística (Fispal Tecnologia). As duas primeiras recebem cerca de 100 mil visitantes cada, a última, 60 mil.
Para Fróes, o número de feiras no Brasil vem crescendo conforme a economia do País. “Estamos no mesmo nível de feiras de outros países. Há também feiras que estão nascendo, como as voltadas à sustentabilidade”, diz o executivo. “Antes, a Europa tinha dez feiras de construção, hoje tem duas. Estes eventos foram para o Oriente Médio e a Ásia, onde os países estão demandando construção pesada”, conta.
No Brasil, 70% das grandes feiras estão concentradas em São Paulo. Rio Grande do Sul, Santa Cataria e Paraná também têm grande número de eventos. “A base das indústrias de transformação está nessa região”, destaca o diretor da Ubrafe. “Há pouca coisa ainda no Norte e Nordeste, mas isso agora está mudando, porque o mercado está crescendo”, revela.
Sobre o perfil do visitante estrangeiro que frequenta as feiras no Brasil, Fróes diz que muitos vêm em busca de parcerias. “Eles vêm prospectar. O Brasil é o país em que mais empresas têm a certificação ISO (referência em qualidade e processos). Isso dá uma garantia”, afirma. “O mercado interno cresceu muito, tem atratividade. As empresas estrangeiras estão vindo conhecer e aprender, enquanto as brasileiras estão buscando uma competitividade de mercado que não tinham antes. A feira é uma troca de experiências”, ressalta.
De acordo com o executivo, estes compradores estrangeiros são, em sua maioria, dos Estados Unidos, Ásia e Europa. Em relação aos árabes, ele destaca um evento em especial. “Na Couromoda, uma das maiores caravanas é de compradores árabes”, diz. No entanto, ele acredita que o País ainda não sabe vender bem para este público. “O Brasil não sabe vender para o mundo árabe. É um mercado que nós não conhecemos direito. Você tem que ser muito bem orientado para vender para lá, e nós temos que nos preparar hoje, e não daqui a dois anos.”
Além dos negócios
Dos R$3,5 bilhões movimentados pelo setor de feiras de negócios no Brasil, a parte turística, referente a viagens, alimentação, hospedagem, transporte e compras chega a R$ 1,4 bilhão. Na cidade de São Paulo, por exemplo, estes visitantes ficam, em média, três dias. Para se hospedarem, 60% deles preferem os hotéis médios, que ficam próximos aos centros de convenção, de acordo com dados da São Paulo Turismo (SPTuris), órgão da prefeitura.
Mesmo ficando menos tempo do que os turistas que vêm à cidade a lazer, os turistas de negócio acabam gastando mais. “O turista de negócios procura por hospedagens com mais qualidade, almoça em bons lugares”, destaca Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris. “Em média, os gastos na cidade chegam a R$ 1,8 mil nos três dias que permanecem. Já os turistas de lazer ficam em média cinco dias na capital paulista, mas gastam menos dinheiro no total, chegando a R$ 1,09 mil. Estes são turistas que, em sua maioria, se hospedam em locais mais econômicos ou nas casas de amigos e parentes”, explica.
Opções de lazer para este visitante também são grandes, destaca Carvalho. “São centenas de teatros, museus, centros culturais e salas de cinema. Isso sem contar as mais de 12 mil opções gastronômicas, 50 shoppings e 60 ruas de comércio. Isso estimula o turista que vem acompanhar uma feira ou realiza uma viagem de negócios a permanecer mais tempo na cidade”, aponta. Ele conta ainda que mais de 30% destes turistas se programam para ficar na cidade mais dias do que os da duração do evento para qual vieram. “Foi pensando nisso que, recentemente, a SPTuris desenvolveu o projeto ‘Fique Mais Um Dia’, com roteiros de apenas um dia sobre os mais variados temas como ‘Família’, ‘Sofisticado’, ‘Cultural’, ‘Descolado’”, ressalta.
Hoje, diz Carvalho, a capital paulista conta com 600 mil metros quadrados de grandes espaços para a realização de eventos. “São cerca de 20 centros de feiras e convenções de grande porte, incluindo o Anhembi, o maior da América do Sul, que está com 80% de sua agenda ocupada até 2016”, ressalta. Além dos pavilhões já existentes, ainda há mais por vir. “A construção de um moderno parque de exposições e eventos de grande porte na região de Pirituba, o Expo São Paulo, fortalecerá São Paulo nesse seleto grupo de destinos internacionais de turismo de negócios, o que reforça a capital paulista como cidade global que capta e sedia grandes eventos”, completa.
Fonte: ANBA
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