Os
cristãos chineses estão compartilhando sua fé abertamente no Sina Weibo, uma
rede social semelhante ao Twitter, que é controlada pelo governo da China.
Muitos estão começando a desafiar a censura e falam sobre a perseguição
religiosa.
Recentemente,
uma banda cristã se apresentou em umprograma de talentos
da TV chinesa, o “Chinese
Dream”, vários cristãos usaram as redes sociais para pedir votos para a banda.
De acordo com a mídia chinesa, dentro de poucos dias, milhares de votos dessa
campanha ajudaram a manter o grupo entre os líderes por sete semanas.
O
governo chinês controla a internet do país e proíbe o acesso a redes sociais
ocidentais com o Facebook
e Twitter. No lugar delas existem os weibos (microblogs). Desde que foi criado,
em 2009, a empresa líder do segmento, Sina Weibo , já atraiu mais de 400
milhões de usuários, e esse número está aumentando. O que dificulta o
monitoramento de todas as mensagens postadas todos os dias.
Segundo
o Centro de Informação sobre a Internet da China, cerca de 40% da população do
país tem acesso à Internet. Para efeitos de comparação, há mais usuários dos
microblogs em solo chinês que as populações da Argentina, Uruguai, Brasil,
Paraguai, Bolívia e Venezuela somadas. O fato de os chineses cristãos começarem
a compartilhar sua fé no weibo é digno de nota e sabe-se que essas mensagens
estão atingindo um grande público.
De
acordo com um site cristão da China, um dos principais blogueiros da fé é Shiy
Pan, um bilionário do ramo imobiliário que frequentemente compartilha “orações
aos domingos” com seus mais de seis milhões de seguidores.
Para
as igrejas cristãs, a internet tornou-se a nova fronteira do movimento de
expansão da fé cristã na China. Mas não é apenas para evangelização. Os
cristãos daquele país estão fazendo campanhas de oração e até mesmo discutindo
a falta de liberdade religiosa, um assunto proibido.
Curiosamente,
a limitação das postagens dos weibo são os mesmos 140 caracteres que os
ocidentais. Mas por causa da peculiaridade da línguas chinesa, 140 caracteres
são equivalentes a 70 ou 80 palavras em português. Isso é suficientes para
iniciar um debate ou dar um breve testemunho. Eles também podem anexar fotos e
vídeos. Um prova dessa ousadia crescente entre a comunidade cristã chinesa
surgiu em agosto do ano passado, quando foi postada uma foto mostrando um jovem
segurando um cartaz com a mensagem do Evangelho em uma praça pública. Apesar de
o governo não permitir isso, a imagem foi repassada milhares de vezes pelos
usuários. Logo, surgiram outras do gênero.
Uma
foto de uma menina segurando um cartaz amarelo com uma cruz e a frase “Creia em
Jesus e receba a vida eterna” também fez grade sucesso. Ela estava num praça
pública em Shenzhen, enquanto seus pais compartilharam sua fé com os
transeuntes. De acordo com o jornal Gospel Times, 20 pessoas aceitaram entregar
suas vidas a Jesus naquele dia. O pai da menina, posteriormente agradeceu a
comunidade cristã online para encorajamento, dizendo: “[Vocês] me deram muita
força. Que o evangelho se fortaleça na China e salve esse país e essas pessoas
do pecado. Que Deus receba todo o louvor e glória”.
De
acordo com agências cristãs que trabalham na China, o país tem apenas 14 milhões
de fieis ‘registrados’ (incluindo católicos e evangélicos), cujas igrejas estão
sob o controle do Estado oficialmente comunista e ateu. No entanto, calcula-se
que quase cinco vezes esse número são de cristãos não registradas, e, portanto,
ilegais, que se reúnem em igrejas domésticas.
O
governo chinês conhece bem o poder das mídias sociais e sabe do papel de
destaque que elas tiveram durante a chamada “Primavera Árabe”, que mudou a
história de várias nações. Talvez por isso, optou por uma censura seletiva.
Segundo o site cristão Greatfire.org
, as autoridades já bloquearam 1.700 termos de pesquisa no weibo, incluindo
expressões religiosas, como “Dalai Lama” e “Falun Gong” (uma seita oriental).
Mas é impossível acompanhar todas as discussões. O grupo religioso Fórum 18,
com sede na Noruega, revela, inclusive, que assuntos como a prisão do pastor
iranianoYousef
Nadarkhani, foram extensamente comentados.
Segundo
jornal britânico Daily Telegraph, metade dos usuários de Internet da China têm
menos de 25 anos e passam cerca de 16,5 horas online por semana. A rede também
seria um “substituto” dos irmãos e irmãs negado a eles pela política chinesa de
que casa família só pode ter um filho.
Outro
aspecto destacado pelo Forum 18 são iniciativas como a de Martin Johnson, um
ativista que lançou seu próprio site de microblog chamado Freeweibo.com, que não
se submete à censura do governo, por estar hospedado fora de solo chinês. Mesmo
as autoridades tendo se esforçado para bloquear o acesso, cada vez mais
usuários tem usados atalhos tecnológicos para usando conexões de internet que
podem ser reencaminhadas internacionalmente.
Segundo
relatos dos EUA, a China agora tem 63,5 milhões de usuários do Facebook e mais
de 35 milhões no Twitter, apesar de serem proibidos pelo governo. Contudo, o
Fórum 18 acredita que os weibo poderão ajudar a “promover a liberdade religiosa
na China” e mudar sua realidade espiritual em um curto espaço de tempo
Fonte: Portal
Fiel
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