Semanário de maior circulação do Brasil reconhece “a crescente penetração dos evangélicos no país”
É difícil ver alguma matéria em jornais e revistas destacando algo positivo sobre os evangélicos. Quase sempre só apenas noticias por conta de algum escândalo ou declaração controversa de algum líder importante.
Mas depois que a rede Globo, a exemplo de outras emissoras, começou a dar destaque em sua programação aos artistas do chamado segmento gospel, a imagem dos evangélicos parece estar mudando diante da população em geral.
De acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, 45% das músicas são consumidas a partir de downloads ilegais e 52% dos discos vendidos são piratas. O único nicho de mercado que parece ser exceção é justamente o de música gospel.
A reportagem da Veja ressalta as “particularidades do segmento”, dizendo que o p[ublico consumidor desse estilo musical é formado basicamente por fiéis das classes C, D e E, Além de se beneficiar dos preços mais baixos dos CDs evangélicos, tem menos acesso à internet e faz menos downloads – sejam legais ou ilegais.
Laudeli Leão, diretor de comunicação da MK Musicvai mais além: “Há uma questão moral. A religião proíbe burlar a lei. A venda de discos pirateados representa de 10% a 15% do mercado gospel, um índice muito inferior que os 52% do mercado secular, por exemplo”.
A Associação Brasileira de Produtores de Discos indica que o gospel é o segundo gênero musical mais consumido no país, perde apenas para o sertanejo. Entre vendas de CDs e DVDs, e a produção de grandes festivais, o mercado gospel movimentou cerca de 1,5 bilhão de reais em 2010. Segundo uma pesquisa de mercado recente, a previsão é que cresceu 33% em 2011 e deve fechar na casa dos 2 bilhões de reais.
Parte desse crescimento deve-se ao investimento de grandes gravadoras como Sony e Som Livre nessa área. Este ano surgiu também um canal exclusivamente de música gospel transmitido pela internet, a LouveTV.
A série de CDs Promessas, uma coletânea de músicas de louvor lançado pela Som Livre, fez tanto sucesso que no em dezembro será exibido pela Globo o “Festival Promessas”, primeiro evento do tipo a ser veiculado pelo maior canal de TV da América Latina. O público esperado para a gravação, no Rio de Janeiro, é de, 1 milhão de pessoas.
O diretor da Globo responsável pelo Promessas, Luiz Gleiser afirma que “como maior produtora de cultura do país, [a Globo] não pode ficar indiferente à força artística da música gospel… A Globo já convidava artistas gospel para os programas de linha, como Domingão do Faustão e TV Xuxa, por exemplo. O Promessas é um passo a mais nesse sentido”.
A revista também deu destaque a vários artistas conhecidos na música gospel brasileira e os classificou de “estrelas”. O termo gospel surgiu nos Estados Unidos para classificar um tipo específico de música. No Brasil, porém, lembra a Veja “os artistas evangélicos são múltiplos… gravam ritmos que vão do pop ao forró e ao rock pesado, passando pelo sertanejo universitário”.
Os músicos que receberam mais espaço foram:
Aline Barros, ganhadora por quatro vezes do Gramy Latino na categoria gospel, já vendeu mais de 7 milhões de discos desde meados dos anos 1990. Comparada a Ivete Sangalo, é chamada pela revista de “joia do coroa do mercado gospel”.
Cassiane Santana, que já vendeu cerca de 5 milhões de discos desde o início da carreira. Mais identificada com o público pentecostal, depois de Aline Barros, é a cantora gospel que mais vende discos no país, sendo “a maior estrela do selo gospel da Sony Music”.
Oficina G3, um dos grupos mais antigos do gênero no país, formado nos anos 1980. Com um público fiel, é classificado pela Veja como “um ícone gospel junto ao público mais jovem”. Se destaca por fazer o estilo rock e não ter a maioria de suas músicas cantadas nas igrejas durante os cultos como quase todos os artistas gospel.
Diante do Trono: formado em 1997, na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, o grupo conta com corpo de baile e coro, além da própria banda. Sua principal vocalista é Ana Paula Valadão, e já vendeu, entre discos lançados pelo grupo e por seus integrantes em carreira-solo, mais de 10 milhões de cópias
Regis Danese (nome artístico de Jose Geraldo Danese) já ganhou um Grammy Latino. Chamado pela revista de “Luan Santana gospel”, seu primeiro disco, de 2009, vendeu mais de 1 milhão de cópias. Sua música de maior sucesso “faz um milagre em mim” foi regravada por dezenas de artistas em diferentes estilos.
Bruna Karla, considerada “a maior revelação da música gospel nos últimos anos”. Ainda sem ter a carreira consolidada, faz cerca de 15 shows por mês e atrais um público variado, que reúne tanto os mais conservadores quanto os mais jovem.
Jotta A., chamado de “a maior aposta do meio”, foi revelado no programa de calouros de Raul Gil. Foi contratado pela Central Gospel, do pastor Silas Malafaia, e recusou a oferta de 1 milhão de reais feita pela Sony Music. O cantor de apenas 14 anos terá seu primeiro disco com tiragem inicial de 500.000 cópias, comparável aos números de artistas como Luan Santana e Paula Fernandes.
A extensa matéria do semanário ressalta um fator que não é novidade para a maioria dos evangélicos, a dinâmica própria desse tipo de música. “Todos os dias, as igrejas recebem novos convertidos, que passam a consumir vorazmente os produtos evangélicos. E a música é o carro-chefe deles”, explica Laudeli Leão, diretor de comunicação da MK Music, a maior gravadora gospel do país.
Outro fator destacado é a rede de apoio que os artistas tem nas igrejas, executando as músicas durante os cultos e nas rádios especializadas no estilo gospel presente em centenas de cidades do Brasil. “Enquanto no mercado secular as lojas de disco se extinguiram, existe uma rede de pequenas lojas no mercado evangélico para a venda de Bíblias, livros e discos”, lembra Mauricio Soares, diretor do selo gospel da Sony Music e que foi diretor da Line Records, ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.
Fonte: Folha Gospel
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