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segunda-feira, 6 de julho de 2015

O Deus de Toda a Graça

Caso não fossem feitas promessas por Deus da futura restauração de Israel, como a que que veremos agora ao comentar o 30º capítulo de Deuteronômio, não haveria qual qualquer esperança para eles prosseguirem existindo como o povo da aliança feita por Deus com Abraão, Isaque e Jacó, e mesmo da aliança feita com eles no Sinai, porque a maldição da Lei os baniria para sempre da presença de Deus quando invalidassem a aliança com os seus pecados.
Entretanto, este capítulo 30º de Deuteronômio é iniciado com a promessa de Deus de usar de misericórdia para com eles, quando na terra do seu cativeiro eles se voltassem arrependidos de seus pecados para Ele.
A Lei colocou diante deles a escolha da bênção ou da maldição, conforme o seu comportamento diante do Senhor e dos Seus mandamentos.
Haveria bênçãos no caso de obediência, e maldições no caso de desobediência. Servir ou não a Deus não seria uma opção que não afetaria as suas vidas. Ao contrário, seria uma questão de vida ou de morte.
A Aliança que eles fizeram com o Senhor não gerou um compromisso de serem meramente religiosos, mas um compromisso que afetaria profundamente o rumo das suas vidas; quer para o bem, quer para o mal.
O bem por escolherem ouvir o Senhor e guardarem os Seus mandamentos, e o mal, em caso contrário.
Mas eles são lembrados que não estavam diante de um Deus inflexível e implacável, pois Ele sabia perfeitamente que o homem é carnal e dado a se desviar dos Seus caminhos, e não andará neles caso não seja assistido pela Sua graça e misericórdia, e por sucessivas concessões de perdão à vista do nosso arrependimento.
Assim como Ele disse que não destruiria mais a Terra com as águas do dilúvio, por saber que o homem é carnal; de igual modo Ele fez promessas de misericórdia para que Israel pudesse retornar para Ele depois que eles Lhe tivessem voltado as costas para servirem a outros deuses. Ele aceitaria a esposa infiel de volta, desde que esta deixasse os seus amantes e voltasse para o Seu marido.
O Senhor sabia em todo o tempo que estava entrando em aliança com uma esposa que lhe seria infiel em várias ocasiões, mas nem por isso deixou de desposá-la (a nação de Israel) porque a amava.
De igual modo, os cristãos da Igreja de Cristo, apesar de suas infidelidades para com o Senhor, não podem romper o laço matrimonial que têm com Ele porque são laços indissolúveis em razão da perfeita fidelidade do Senhor, que permanece fiel ao que nos tem prometido, apesar da nossas infidelidades, das quais somos curados pela Sua graça, misericórdia e perdão, quando nos arrependemos.
Por esta promessa de misericórdia e restauração da Antiga Aliança, vemos que o caráter de Deus é realmente perdoador e compassivo. Nenhum pecador, por pior que seja, poderá se desculpar em juízo de não ter alcançado a salvação, porque a misericórdia do Senhor é infinita.
Ele tem prometido que usa de misericórdia com qualquer um, independentemente de seus méritos.
Isto significa que ninguém poderá impugnar a decisão de Deus de usar de misericórdia para com o pior dos pecadores, porque Ele determinou em Sua Soberania usar de misericórdia com quem Ele quisesse, isto é, conforme a Sua própria vontade, e nada mais.
Ninguém poderá se desculpar pelo fato de se ter desviado e não ter buscado reconciliação com o Senhor e com a Sua Igreja, porque ninguém está excluído de alcançar misericórdia quando se arrepende e se volta para Deus.
Muitos acusam injusta e irreverentemente a Deus por ter sido cruel e sem amor no Velho Testamento, segundo alegação deles, pois punia certos pecados até mesmo com a morte física. Mas o que eles dirão deste Seu caráter amoroso e misericordioso que é demonstrado neste capitulo que estamos comentando, bem como em toda a Bíblia?
Afinal, se tais pessoas não fossem malfeitores obstinados, não teriam sido poupados por Deus? Acaso não lhes foi dada a oportunidade por longo tempo para que se arrependessem de suas más obras?
Jamais o Deus que não é somente perfeito em amor e misericórdia, como também em justiça, condenaria alguém de modo arbitrário.
Ninguém poderá se levantar diante dEle no dia do Grande Juízo Final e alegar que foi condenado injustamente por Ele, ou por não lhe ter demonstrado longanimidade, misericórdia e amor. A própria condenação do mal incorrigível é uma grande demonstração de amor à humanidade, porque é por este meio que a continuidade da vida na Terra é preservada.
Não é para o mesmo fim que são constituídos tribunais terrenos? E quantos crimes não têm sido evitados por causa do tribunal divino instalado por Ele em nossas consciências, que nos impede de cometer muitos males graves pelo temor que temos de Deus, embora seja possível não tê-lo dos tribunais humanos?
O verso 10 de Deut 30 fala de conversão e do modo desta conversão: “quando obedeceres à voz do Senhor teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei; quando te converteres ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma.”
Os versos 11 a 14 falam da possibilidade e alcance próximo desta conversão, uma vez que a vontade revelada de Deus é conhecida na Sua Palavra, e o que crê na Palavra do Senhor e se dispõe a obedecê-la, será salvo.
Estas palavras de Moisés citadas nos versos 11 a 14 são usadas pelo apóstolo Paulo em Rom 10.6-8 para se referir ao evangelho de Cristo, que salva mediante a mesma conversão em se dizer não ao pecado e se voltar para Deus e para a Sua Palavra:
“Porque este mandamento, que eu hoje te ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti. Não está no céu para dizeres: Quem subirá por nós ao céu, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir, para que o cumpramos? Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir, para que o cumpramos? Mas a palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires.” (Rom 10.11 a 14).
Ao que tanto Moisés quanto Paulo se referiram é que a Palavra de Deus para a salvação já foi revelada por Ele de uma vez para sempre e está registrada na Bíblia.
Não precisamos de nenhuma nova revelação, de nenhum novo profeta, de nenhuma nova visão ou sonho para sabermos qual é a vontade de Deus relativamente a nós para que possamos ser salvos. A Sua vontade já está revelada na Bíblia.
E o modo da nossa salvação é simplesmente por se crer nesta Palavra e permitir que o Espírito Santo a aplique às nossas vidas. O Espírito Santo abrirá o entendimento daqueles que Se aproximarem de Deus com todo o coração e alma, para que possam não somente entender a Sua Palavra, como também a serem transformados por meio dela em novas criaturas.
Há uma ilustração interessante neste capítulo, quanto ao fato de que os povos inimigos que o próprio Deus trouxesse para oprimir e desterrar os israelitas, por causa da sua desobediência, seriam repreendidos pelo Senhor assim que Seu povo buscasse se converter dos seus maus caminhos. O mesmo se dá com cristãos desobedientes que são entregues a Satanás para destruição da carne.
Caso eles se arrependam dos seus pecados e voltem para Deus numa verdadeira conversão que implique na obediência à Sua Palavra, eles não são apenas restaurados à comunhão, como os espíritos malignos que os oprimiam são repreendidos e afastados pelo Senhor.
Muitas das aflições que sofremos têm o propósito de nos conduzirem ao arrependimento e à conversão ao Senhor e à Sua Palavra.
Ninguém deve contar com a aprovação e a bênção do Senhor quando vive na prática deliberada do pecado, mas pode e deve esperar a Sua bênção quando se arrepende e se converte dos seus maus caminhos.
Isto é prometido pelo Senhor abundantemente em várias passagens das Escrituras, como por exemplo em Jer 31.18-20 e II Crôn 7.13,14. Verdadeiros penitentes podem ter grande encorajamento quanto às compaixões e misericórdias do Senhor, que nunca falham. Moisés fecha este capítulo 30º com uma convocação aos israelitas para que se apegassem verdadeiramente ao Senhor, porque nisto estava a felicidade e a vida deles.
Não haveria nenhuma bênção vivendo longe do Senhor. Não haveria nenhuma vida aparte da comunhão com Ele. Seria marcante entre eles a diferença que haveria entre os que servissem e amassem a Deus e aqueles que não o servissem e amassem, porque o próprio Deus os distinguiria com o derramar da Sua bênção e vida para os primeiros, e das suas maldições e castigos para os últimos.
A adoração verdadeira ao Senhor traria vida, e a adoração aos falsos deuses lhes traria morte. É isto o que sempre ocorreu no mundo. Os que se voltam para Deus encontram a vida eterna, e os que resistem a Ele e à Sua vontade permanecem debaixo da Sua ira e mortos em seus pecados. A Palavra de Deus é, portanto um atalaia que adverte aos homens em toda a parte sobre a sua condição diante de Deus.
Ela é uma Palavra de vida para os que nela creem e se arrependem de seus pecados, por darem crédito à Palavra do Senhor que é a verdade. E os que a ignoram ou que resistem a ela não lhe dando a devida atenção permanecerão condenados em seus pecados.
Por isso Jesus diz quanto à Palavra do evangelho:
“Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o julgará no último dia.” (Jo 12.48).

O sentido do Novo Testamento é o mesmo, porque o evangelho coloca todo homem diante da vida ou da morte, da maldição ou da bênção.
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.16).

Por Silvio Dutra



Fonte: Gospel Mais

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