Empresas como a alemã Fraport e a turca TAV Airports têm interesse na privatização de terminais brasileiros. Governo pretende realizar em breve leilão de Guarulhos, Viracopos e Brasília.
São Paulo – Empresas estrangeiras de administração aeroportuária estão de olho no processo de concessão de terminais aéreos brasileiros para a iniciativa privada. O governo federal pretende realizar em breve os leilões dos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, Viracopos, em Campinas, no interior paulista, e Brasília. Não há restrição à presença de capital externo.
As minutas dos editais preveem que os futuros concessionários serão responsáveis por obras de ampliação e pela operação dos terminais pelos prazos de 20 anos, no caso de Guarulhos, 25, em Brasília, e 30, em Viracopos. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), atual administradora dos aeroportos, terá participação de até 49% nos negócios.
Entre as companhias estrangeiras interessadas está a Fraport, que opera 13 aeroportos em diferentes países, sendo que o mais conhecido deles é o de Frankfurt, na Alemanha, um dos mais movimentados do mundo.
“A Fraport certamente está interessada no leilão dos aeroportos brasileiros”, informou a companhia à ANBA por meio de sua assessoria de imprensa. “O País aparece bem na tela do nosso radar. Nós já administramos aeroportos nas outras três nações do BRIC (Rússia, Índia e China) e o Brasil é o único do grupo que falta”, acrescentou.
Em setembro, a empresa alemã firmou um memorando de entendimento com a brasileira Ecorodovias com o objetivo de participar dos processos de concessão de aeroportos. A última tem como principais acionistas a empreiteira CR Almeida, do Brasil, e o grupo italiano Impregilo, e atua no ramo de concessões rodoviárias.
Outra companhia interessada no Brasil é a turca TAV Airports, que opera terminais em quatro países, inclusive os de Istambul e Ancara, na Turquia. “Nós acreditamos que o Brasil tem um potencial ainda não explorado no setor de aviação e que pode ser desencadeado após as concessões”, disse a empresa à ANBA por meio de sua assessoria de imprensa.
Para a TAV, o número de passageiros no Brasil é baixo em comparação com outros países com características semelhantes. Além da demanda reprimida, ela ressalta que o País terá um “grande potencial” com a realização da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A Fraport destaca que tem know-how na operação de aeroportos em “períodos de pico de tráfego”, como durante grandes eventos esportivos.
Emergentes
Além da Turquia, a TAV administra aeroportos na Tunísia, Georgia, Macedônia e recentemente ganhou, junto com duas companhias sauditas, o contrato de ampliação e operação do Aeroporto de Medina, um empreendimento avaliado entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão. A TAV Construction, construtora do grupo, ainda participa de projetos de grande porte no Catar e em Omã.
Embora o Aeroporto de Frankfurt seja sua principal vitrine, a Fraport também administra terminais em países em desenvolvimento, como os de Lima, no Peru, Antália, na Turquia, Nova Deli, na Índia, Xian, na China, Cairo, no Egito, Jeddah e Riad, na Arábia Saudita, e Dacar, no Senegal.
Ambas as companhias afirmam que as principais oportunidades de negócios hoje estão nas nações emergentes. “Os mercados emergentes despertam interesse especial por causa do potencial de crescimento e da necessidade de desenvolvimento de infraestrutura”, declarou a Fraport.
“Os mercados emergentes são os mais promissores no momento. Eles podem ser considerados arriscados, mas a relação entre risco e retorno é positiva na maioria dos casos”, destacou a TAV. “Na Turquia nós tivemos um resultado muito bom após a liberalização do setor de aviação e da concessão dos principais aeroportos, com multiplicação por três do número de passageiros desde o ano 2000”, acrescentou a empresa turca.
Estatal
A privatização dos terminais de Guarulhos, Campinas e Brasília não serão as primeiras do Brasil. Em agosto, o governo realizou o leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, vencido por um consórcio formado pela brasileira Engevix e pela argentina Corporacíon América. Esta última administra terminais na Argentina, Uruguai, Peru, Equador, Armênia e Itália.
No caso potiguar, porém, não há participação da Infraero, pois o aeroporto ainda não existe, somente a pista, ao contrário dos três que serão licitados em breve.
Para o professor de Transporte Aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Respício do Espírito Santo, a obrigatoriedade da presença da estatal pode arrefecer um pouco o apetite dos estrangeiros pelos leilões.
“Atrativos os aeroportos brasileiros são, afinal é um mercado em franca expansão e com um potencial muito bom”, declarou o professor. “Ou poderia ser, se não houvesse a obrigatoriedade da participação da Infraero. Essa obrigação reduz um pouco a atratividade”, acrescentou.
É que mesmo detentora de participação minoritária nas futuras concessionárias de aeroportos (até 49%), à Infraero cabe a coordenação das “Autoridades Aeroportuárias”, criadas recentemente pelo governo com o objetivo de “melhorar a gestão dos aeroportos, coordenando as ações, compartilhando informações e integrando sistemas”, segundo a Secretaria de Aviação Civil, órgão da Presidência da República.
A ANBA entrou em contato também com a britânica BAA, que administra os aeroportos de Londres, entre outros, com sua controladora, a espanhola Ferrovial, e com a Corporacíon América para saber do eventual interesse dessas empresas pelo mercado brasileiro, mas não obteve retorno.
A australiana Map Airports informou que vendeu as participações que tinha em terminais europeus para se dedicar exclusivamente ao Aeroporto de Sidney e, nesse sentido, não pretende adquirir novas concessões no futuro próximo. A canadense Vancouver Airport Service (YVRAS) declarou que não vai se manifestar sobre o tema no momento.
Fonte: Tenda Arábe
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