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terça-feira, 20 de julho de 2010

O Santo Nome

Meus olhos estavam fixos nela. Eu não conseguia desviar o olhar. Parecia tão determinada no que estava fazendo. Acho que isso se chama fé. Pude sentir sua fé pela primeira vez. Era tão forte que envolvia a todos na sala. Depois de muito choro, muita súplica e perseverança, veio a frase final: “Em nome de Jesus. Amém”.


Com meus 6 anos de idade presenciei o sobrenatural de Deus. Era somente uma oração em família e eu era apenas uma criança. Um ambiente muito simples. Mas quem disse que Deus gosta de coisas complicadas? Ele age na simplicidade das pessoas.

Era mais do que uma reunião em casa. Minha mãe dirigia a oração e todos acompanhavam de olhos fechados. Mas justo naquele momento eu estava de olhos abertos. Ainda que eu fosse uma criança, sentia-me fazendo parte de tudo aquilo.

Desde que meus pais aceitaram a Cristo, os cultos domésticos eram constantes. Porém algo me intrigava. Por que aquele nome era tão importante? Era como se as petições de minha mãe ganhassem mais força quando ela dizia: “Em nome de Jesus”. E todos confirmávamos como um sonoro “amém”, finalizando o momento.

Tempos depois, compreendi o poder deste nome. Não é um nome comum. Por mais que algumas pessoas o falem de modo costumeiro, sem entender seu real significado dentro do contexto da oração, esse nome é imprescindível. Não é qualquer nome. É O NOME. O Santo nome de Jesus Cristo. No evangelho de João, capítulo 14, versículos 13 e 14 está escrito: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei“.

Nossas orações devem ser feitas em nome de Jesus, é dizer, devem estar em total harmonia com a pessoa, caráter e vontade dele. É como se nos fosse concedida uma permissão. Quando proclamamos o nome de Jesus, nossas preces ganham um caráter sobrenatural. Estamos declarando que confiamos em Deus e que só poderemos alcançar nosso pedido por intermédio dele.

A oração eficaz deve ser feita segundo a vontade do Pai. São muitas as maneiras como Deus nos revela seu divino anseio. Uma delas é através de sua Santa Palavra. Para conhecermos a vontade de Deus, devemos estar em constante comunhão com ele. E o caminho para alcançar tal êxito é a oração sincera. A própria Bíblia declara que a oração nos ajuda a compreendê-la, pois nos coloca em um patamar vantajoso de comunhão divina. “Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos“ (Efésios 6.17,18).

Está escrito: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 João 5.14). Devemos andar segundo a vontade do Senhor, amá-lo e agradá-lo para que ele atenda nossas orações. Não se trata, de modo algum, de comprar sua confiança ou de uma troca de favores.

Jesus nos adverte no seguinte sentido: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas“ (Mateus 6.33). O nosso Pai transborda graça e misericórdia. Essa promessa nos garante que a consequência natural de se buscar as coisas divinas (o Reino e a Justiça de Deus) é o sucesso na vida material. Nada mais justo do que um Pai amoroso abençoar aqueles que os buscam e o adoram em sinceridade.

Se guardarmos os mandamentos do Senhor, reconhecendo seu reino em nossas vidas, tudo que pedirmos nos será concedido, pois nossas atitudes serão agradáveis aos olhos do Pai. “E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista” (1 João 3.22). Esse é o poder da oração eficaz! “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito“ (João 15.7).

Fé e perseverança

A perseverança é uma das principais características da oração eficaz. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á“ (Mateus 7.7,8). Em diversos textos, a Bíblia nos orienta nesse sentido. Destacamos dois passos que devemos seguir:

1) Estar em comunhão com o Pai a todo o momento. “Orai sem cessar“ (1 Tessalonicenses 5.17). Isso não se refere a estar em constante oração, mas em constante comunhão com Deus. Uma vida de constante oração (literalmente falando, orar a todo instante) revela-se impraticável em função de nossas outras atividades diárias. A atenção no trabalho, a condução de um veículo ou mesmo a execução de determinadas tarefas nos impedem de estar em constante oração. Orar sem cessar, entretanto, não se trata disso.

Ter uma vida de comunhão com Deus é aceitar sua Palavra e atender ao seu chamado. É isso que Paulo nos orienta a fazer. É como se o apostolo, de certa forma, nos dissesse: “Faça o que você tem que fazer. Trabalhe, estude, viva sua vida da melhor maneira possível, mas não deixe de conversar com seu Pai, de ter uma vida de intimidade com ele”.

2) Aprender a esperar no Senhor. “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor“ (Salmo 40.1). Já era tarde. Todas as luzes da casa estavam apagadas. Quase todas. Na verdade, a luz de uma pequena lanterna estava bem atenta. Os pequenos olhos lutavam para não serem vencidos pelo sono. Afinal, há muito já passava da hora de dormir. As pequeninas mãos deslizavam sobre o corrimão da escada. A criança estava ansiosa aguardando alguém especial. Esta cena lhe parece familiar? Sim, é noite de natal.

As horas passaram, e o sono sagrou-se vencedor. O pequeno menino sequer notou quando seu pai deixou o presente. “Ano que vem eu o vejo”, foi o pensamento do dia seguinte. Você conseguiu notar, nesse nosso simples exemplo, o que é esperança?

Nada mais sincero do que um coração infantil, não é mesmo?

A esperança está intimamente ligada à perseverança. Aquele que espera é aquele que confia, que é persistente. O Salmista nos orienta a esperar em Deus, pois unicamente ele sabe o momento certo para que as coisas aconteçam em nossas vidas.

Quando esperamos no Senhor, declaramos nossa fé no Pai. Quando esperamos, ficamos atentos e vigilantes. É pouco provável que alguém, esperando muito algo acontecer, vá dormir e aguardar chegar o dia seguinte. A Bíblia nos adverte para que não sejamos ansiosos (Mateus 6.34 e Lucas 10.41), mas também nos orienta a estarmos atentos e perseverantes (Colossenses 4.2).

Certa vez, Jesus disse: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará” (Mateus 6.6). Jesus criticou severamente o modo como os fariseus oravam, condenando a prece pretensiosa, ostentosa e que atrai a atenção.

Cristo nos concede uma preciosa lição. Ele nos ensina sobre a intimidade com Deus. Jesus sabia dominar como ninguém a arte da comunicação. Ele dominava plenamente o uso adequado das palavras. Não estou me referindo ao modo correto do emprego das palavras ou ao conhecimento apurado da gramática. Cristo usava suas palavras como um verdadeiro canhão, capaz de transpor as barreiras do preconceito e do legalismo exacerbado, pois era o único instrumento que possuía.

Suas palavras penetravam no coração das pessoas, fazendo-as pensar, refletir e mudar de opinião. Nenhum elemento coercitivo era usado. Não era preciso. Jesus as convencia devido à veracidade que sua própria historia como Filho de Deus transmitia. Quando outros elementos, como a coerção, são necessários para que nossas idéias sejam aceitas, revelamos o quanto elas carecem de sustentabilidade própria.

No sentido que Jesus estava empregando as palavras para que seus seguidores o entendessem, “aposento” ou “quarto de portas fechadas” está profundamente relacionado à lugar de intimidade.

Não tenho formação acadêmica em Arquitetura, no entanto sei que a porta principal de uma casa deve dar acesso à sala de visitas. Simplesmente porque a sala representa um lugar de livre acesso. Qualquer pessoa pode explorá-la sem reservas. Não há nada de pessoal lá. Você não guarda sua roupas íntimas ou as jóias da família na sua sala de visitas.

Você consegue imaginar uma porta principal de uma casa dando acesso ao quarto? O motivo? O quarto é o lugar onde guardamos coisas especiais. O quarto representa nossa intimidade. Você não convida um conhecido do trabalho para tomar um refrigerante no seu quarto. Um amigo, porém, tem intimidade suficiente para assistir um filme ali.

Você consegue entender o que Jesus estava tentando ensinar aos discípulos?

Ele ensinava por meio de parábolas, uma espécie de pequenas histórias de fácil compreensão. Ele usava esse método porque sabia que deste modo suas palavras poderiam ser entendidas desde o mais sábio dos escribas até o mais iletrado do povo. Cristo não usava métodos de persuasão, nem fazia uso de uma linguagem rebuscada. Pelo contrário, utilizava-se da simplicidade das parábolas para transmitir seu recado.

Nas relações interpessoais, a grande chave para se alcançar um objetivo, seja ele qual for, é criar uma rota de fácil acesso entre o emissor e o destinatário. É preciso deixar claro o que se deseja alcançar. Não adianta utilizar métodos inovadores ou experimentais se não conseguimos expressar de modo coeso nosso raciocínio. Faz-se necessário oferecer sempre uma espécie de ponto comum de raciocínio, ou o que eu chamo de Ponto de Referência.

A partir de um ponto de referência, é possível chegar a qualquer lugar, partindo-se de um ponto de comum acesso e entendimento ao ouvinte. Jesus sabia usar isso como ninguém. Ele falava das coisas sobrenaturais usando como referência simples situações do dia a dia, facilmente conhecidas por todos. Assim, Cristo discorria sobre assuntos até então inalcançáveis pelas pessoas, porém facilmente assimiláveis por causa do ponto de referência que utilizava.

Nesse caso específico, Jesus não fez uso das parábolas, mas do ponto de referência para esclarecer algumas coisas. Uma delas é que somente através da oração conseguimos conquistar a intimidade com o Pai. Sim, é uma questão de conquista. Ter comunhão com Deus é ter uma relação onde nada é escondido. Estar no quarto significa mostrar quem você realmente é, sem máscaras ou ilusões.

Está escrito: “Eu sou aquele que sonda as mentes e os corações” (Apocalipse 2.23).

Deus conhece nossos pensamentos, somente Ele é capaz de saber o que se passa em nossa mente. Por essa razão, nosso Pai nos entende tão bem. Imagine aquela pessoa que você mais gosta, que mais tem afinidade (pode ser um irmão, esposo, namorado, amigo). Agora pense como seria se essa pessoa pudesse saber tudo que se passa em sua mente. Como seria se essa pessoa pudesse ler seus pensamentos, pudesse saber o que você deseja mesmo antes de você falar qualquer palavra?

Certamente seu relacionamento com ela iria mudar. Vocês iriam ter uma forte ligação. Provavelmente essa pessoa teria um grau mais elevado de sua confiança em relação às demais. Sua amizade seria ainda mais forte.

Assim acontece com Deus!

Ele nos conhece plenamente, melhor que nós mesmos. Devemos ter essa confiança nele, devemos estreitar nossa relação com o Pai. Assim como um grande amigo que sabe todos os segredos do outro, temos que ter plena confiança no Senhor e entregar em suas mãos todas as nossas aspirações, ansiedades, projetos e sonhos. Jamais duvide disto: O Pai Celestial deseja sempre o melhor para você. Como a Bíblia declara: “Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial” (Lucas 11.13). E ainda: “Porque desde a antiguidade não sei ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera” (Isaías 64.4).

Lembre-se de que sua oração não deve ter como propósito atrair a atenção dos homens, mas representar o meio, por excelência, de seu encontro pessoal com Deus, para que você cresça em fé e viva uma vida cheia do Espírito Santo.
Autor: Renato Collyer
Fonte: www.icrvb.com

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